quinta-feira, 9 de julho de 2020

Formigas

A estrada da montanha terminava a uns quinhentos metros da casa e tinha cerca de dois quilómetros de extensão, bem íngreme, em terra batida. 
A vista era deslumbrante e, bem lá no cimo, ainda permanecia a neve branca trazida pelo último Inverno. O horizonte era interminável e o verde predominante, num fim de tarde radioso e de temperatura agradável.
A casa seria o nosso albergue nas duas noites que ficaríamos em Basel mas, para isso, era necessário chegar lá a pé, pelos socalcos de um carreiro que obrigava a uma "bicha de pirilau" aprendida vários anos antes na instrução militar.
O Werner caminhava na frente, visivelmente agradado por disponibilizar  a sua casa de montanha a meia dúzia de compatriotas da mulher.
Mas ...
            - Alto, gritou.
Tinha parado junto a um carreiro de formigas, bem assinalado por dois montinhos de areia fina feitos pelas próprias.
           - Estamos na Suíça e aqui, ao contrário de em Portugal, não se pisam formigas e muito menos
             se dão pontapés nos montes de areia que elas tão bem executam.
Ninguém comentou.
Todos entenderam a mensagem e deram um pequeno salto, para não perturbar o afã do formigueiro.

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