quarta-feira, 22 de julho de 2020

O novo "normal"

A manhã estava "fozeira", com o nevoeiro quase a impedir de se ver o mar. 
Maré baixa, sem vento, permitiu acabar o livro do momento e, de seguida, uma caminhada até às rochas, onde se esperava que o sol já desse um ar da sua graça e trouxesse a vontade de um bom mergulho.
Falso! A água tinha uns "quadrados" gelatinosos, que eliminavam a habitual transparência e lhe davam um aspecto sujo. Não ao banho!
Mal tinha iniciado o regresso, surge o nadador-salvador.
- Não vá à água. Não sabemos o que é isso e deram-nos ordem para, à cautela, interditarmos a praia.
Acabou-se, por hoje. "Trouxa" arrumada e regresso a casa mais cedo do que o previsto. 
Mas havia mais para acontecer.
No último degrau do primeiro lanço da escada, um homem cai. Dou um salto para tentar ajudá-lo.
- Não mexa nem se chegue, murmura uma voz avisada.
Mantida a distância, colaboro no diálogo com o homem.
- Sente-se bem? Está sozinho?
- A família está na praia, lá em baixo. E indica a Lagoa, lá ao longe. 
- E tem telemóvel?
- É melhor chamar o 112, diz alguém. 
Conseguiu sentar-se, sem ajuda mas com muita dificuldade. O braço esfolado, o joelho em sangue, uma aflição patente.
- Já tive cinco enfartes ... mas estou bem!
Consegue tirar o telemóvel do bolso e liga.
- Foi para a caixa postal.
Alguém chamou o nadador-salvador. Viu a tensão arterial, desinfectou as feridas, com todos os cuidados, das luvas à máscara, e com a distância possível. 
A Polícia Marítima foi para a praia da Lagoa, à procura dos familiares do homem que apenas queria conhecer mais um pouco da praia onde tinha vindo em passeio, ele que era do Porto.
Vim para casa, a pensar que já nem se pode auxiliar quem dá uma quedazita ...  
 

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