quinta-feira, 16 de julho de 2020

Ontem, hoje e amanhã

Hoje acordei eram sete e picos e dei por mim a recordar coisas antigas - porque será? - que caíram em desuso e às quais a malta nova, para além de não passar cartão, muitas vezes nem sequer conhece. E ainda bem! 
Já ninguém dança o twist e muito menos vai ao baile da Dona Ester. Para ser mais preciso, julgo até que  ninguém é chamado de Dona e muito menos Ester. Agora é você por tudo e por nada, palavrão que eu aprendi dever ser só dito depois de existir muita confiança com a pessoa em questão e apenas para aquelas a quem o tu não era aplicável. Você é estrebaria, diga lá senhor ou senhora ou, melhor ainda, senhora dona.
A criada morreu e surgiu em seu lugar a empregada doméstica, tal como já não há contínuos mas antes assistentes operacionais. 
Como se isto não bastasse, a manhã de praia, espectacular, levou a conversa também para coisas antigas - porque será? - e, da contabilização manual às chapas dadas nos bancos, das máquinas de somar às somas de cabeça, do cálculo de juros ao dia ao tempo perdido para levantar um cheque, houve de tudo. 
A água estava boa, a manhã passou depressa e havia muita gente a dar a coxa não à Caparica mas ao mar da Foz, zangado como sempre.
Sentado agora à secretária, dou por mim a aceder à grande enciclopédia virtual, que tem tudo e mais um par de botas, e não é que encontrei o Conjunto António Mafra a tocar e a cantar tal como há sessenta anos ou mais e, pasme-se, igualzinho ao que me tinha surgido logo pela manhã.
Estes velhos estão cada vez mais chatos e a recordar coisas que não lembram ao diabo.
E repetem, repetem, como se não houvesse amanhã e o mundo tivesse parado quando eles ainda mexiam!
Valha-lhes um burro aos coices e três aos pontapés, e acenda-se-lhes um castiçal, para que vejam bem o hoje, sem as lunetas do ontem.

1 comentário:

Anónimo disse...

O passado cheira a mofo! Venha um texto a anunciar um bom futuro!