domingo, 28 de junho de 2020

Renting

Werner era um cidadão suíço, casado com uma portuguesa, que vivia em Basel. Vendia máquinas de café LaCimbali, italianas, consideradas geralmente como as melhores do mundo. Não é por acaso que, enquanto em todo o país se bebe um café ou uma bica, no Porto se pede um cimbalino.
Privei com o Werner, que já conhecia daqui, numa visita à sua terra, na década de oitenta do século passado. O seu automóvel estava parado à porta de casa e foi a primeira coisa em que reparei. Deixou-me de boca aberta. Era uma bomba! 
Na conversa que se seguiu e com a lata que me permitiam os trinta anos da altura, questionei-o como conseguia ter um carro daqueles a vender máquinas de café.
          - O carro não é meu.
          - ???
          - Vamos dar uma volta pela cidade, vais tu a conduzir, para experimentares, e eu já te explico.

Nunca tinha posto as mãos num bólide daqueles. Último modelo da Toyota, não existia em Portugal, cómodo, direcção assistida, ar condicionado independente, bancos em pele, um luxo.

          - É do banco. Eu só pago a renda mensal e eles suportam tudo, menos a gasolina, claro.
          - ???
          - Renting.

Bancário da treta, não fazia ideia, nessa altura, do que era o renting. Ouvi atentamente a aula e guardei a informação na gaveta da memória. 
Chegou a Portugal vários anos depois e hoje está generalizado, principalmente nas empresas. Não foi novidade!

1 comentário:

Anónimo disse...

Sempre à frente do seu tempo!