sexta-feira, 12 de junho de 2020

Santa Maria

No tempo da "outra senhora" as anedotas eram uma forma de o povo, à boca pequena, manifestar a sua crítica à política, aos costumes, à moral vigentes, uma vez que a televisão, ainda a dar os primeiros passos, a rádio e os jornais, eram formalistas e sujeitos a censura prévia e férrea.
Em Janeiro de 1961, o paquete Santa Maria foi tomado por um grupo de resistentes comandado pelo capitão Henrique Galvão que, durante cerca de 8 dias, conseguiu fazer tremer o regime e colocar Portugal e a sua política nas primeiras páginas dos jornais estrangeiros.
O Santa Maria dedicava-se a fazer cruzeiros com destino à América, dirigia-se a Miami, nos Estados Unidos e foi tomado em Curaçau, nas Antilhas, no dia 22 de Janeiro. Permaneceu em mãos rebeldes, navegando pelo Atlântico, até ao dia 2 de Fevereiro, data em que aportou no Recife, onde o Brasil concedeu asilo político aos intervenientes na aventura. 
De seguida, o Santa Maria voltou a Portugal e os portugueses ouviram de Salazar:
- Já temos o Santa Maria. Obrigado portugueses!
Pouco tempo depois, surgiu a anedota:

- Sabes quem é o homem que mais conviveu com santos?
- Não!?
- Henrique Galvão
- Porquê?
- Assaltou o Santa Maria, baptizou-o de Santa Liberdade por causa de um Santo António que é de Santa Comba e mora em São Bento.  

1 comentário:

Anónimo disse...

É, anos depois, um outro Santos relembra o dito, em véspera de Santo António de Lisboa e Pádua num tempo de liberdade confinada.