(...) "Não há qualquer possibilidade, hipótese nenhuma, por mais remota e improvável e fugidia, de Petra Chissomo saber do Rafa e do pai e do carvalho vermelho. Ele olha para o Sininho, enroscado no tapete, as patas já tão magras, as costelas a emergirem. O cão tem os olhos fechados, mas há movimento nas orelhas, como quem estivesse a escutar a conversa e agora estranhasse o silêncio da pausa.
Olham-se. Petra Chissomo parece esperar, há qualquer coisa no ar que ainda não acabou, os gramas a mais dos assuntos inacabados. Não há qualquer possibilidade de ela saber o que ele precisa de lhe contar a seguir.
- Porque é que perguntas o que levou a Isabel com ela?
- Curiosidade. Se não sabes, não sabes. Se não queres dizer, não digas.
- Levou o pior de mim, aquela desilusão, a maior de todas.
A certeza de que escolheu mal, deve ter levado a raiva de não conseguir deixar-me.
- Qual desilusão? Disseste aquela.
- A que tu não podes saber e no entanto sabes.
- Eu? Não sei enquanto não disseres.
- Seja. Já que vai ser assim. Tenho de dizer, não é?
- Tens de dizer. Tens de fazer acontecer. Antes de seguirmos." (...)
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