quinta-feira, 14 de abril de 2022

"Reset"

Está um caco. Não que esteja sujeito a partir-se, isso não, o físico ainda mantém algum vigor. O cérebro, esse, deixou de funcionar e não há "ferramentas" que o recoloquem no sítio. Não há ninguém conhecido, não há palavras proferidas, já nem sequer sussurros ou sorrisos. Olha para o infinito, mesmo quando lhe dizem para se sentar no carro. É lá bem ao fundo que estará o que procura e já não tem meio de encontrar.

A mulher vai levá-lo a ver o mar, mesmo parecendo que isso pouco lhe dirá. Talvez goste das ondas, lá ao fundo e elas lhe tragam alguma felicidade. O horizonte é extenso, pode olhar sem limite.

As indicações são de que, a cada dia que passa, a ausência vai-se acentuando e assim continuará, inexorável, até que a "máquina" se canse e dê por finda a tarefa.

Nunca se está preparado, por mais que saibamos que é assim. Custa ver quem connosco brincou, correu, saltou, bebeu, fumou, esteja "branco". 

O F. está arrumado. Não terá disso noção e talvez seja melhor assim.

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