quarta-feira, 3 de maio de 2023

Estrelas

Sentada num banco de madeira, bem perto do cão de flores que guarda o Guggenheim de Bilbao, acompanhava dois irmãos (?) uns anitos mais novos e bem mais discretos. O rapaz bocejava, vá-se lá saber se de sono ou de tédio, entrelaçando os dedos no moderno frasco de água que segurava e lhe deveria matar a sede, quando a tivesse. A irmã deliciava-se com o chupa-chupa, mirando o infinito, talvez à procura de algum apoio de ombro ou de uma paisagem deslumbrante e nova, adequada à sua juventude.

Quem passava não ficava indiferente. A sua presença, a pose, o ar, davam nas vistas. Cigarro na mão, comprido e fino, como são agora quase todos os cigarros; cabelos loiros com raiz castanha, que fica sempre bem e mais bonito; mala bem encostada ao corpo, não vão aparecer algumas mãos afoitas e a serem tentadas; vários anéis a decorarem os dedos; casaco de napa preta, com vários fechos nas mangas e de lado; um vestido, vermelho, encolhido pela lavagem ou por economia de tecido. O copo, vazio, ostentava uma legenda que mandava andar para outro lado (to go), para evitar ajuntamentos de eventuais apreciadores da paisagem.

Usava sapatilhas All Star, como convém a qualquer estrela em ascensão!

1 comentário:

Anónimo disse...

E o nº das sapatilhas?...