- Estamos na Foz do Arelho. Nem calculas, isto é fantástico. Está um bocadinho de vento, mas é tudo lindo. Que maravilha!
A conversa, telefónica, pretendia retratar a alguém a satisfação e o espanto que estava a sentir, enquanto caminhava à beira da Lagoa. Era notório ser a primeira visita, bem pincelada com a descrição do que estava a ver e com a dificuldade de expressar o que estava a sentir. As sensações pareciam enormes e, a avaliar pelo tom de voz, o seu interlocutor devia ter o telemóvel afastado do ouvido, para não correr o risco de ver o tímpano perfurado.
- O céu está lindo, o mar um espelho. E tudo azul, tão bonito.
Apesar de haver nuvens no céu, duas ou três bem negras, a admiração era francamente entusiástica. O espelho de água era descrito como uma coisa nunca vista, sem nada comparável.
- O vento nem sequer é frio ... uma maravilha. Nunca tinha posto os olhos em alguma coisa semelhante!
A senhora continuava extasiada e excitada. Os adjectivos já iam faltando para a descrição completa que permitisse o entendimento do outro lado. Percebia-se que tinha sido desencadeada a inveja na outra pessoa, por não poder usufruir da beleza tão entusiasticamente explicitada.
- Eu disse-te ... não quiseste. Foi quanto perdeste.
Nada como a primeira vez. Depois, a gente habitua-se ...
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