sexta-feira, 5 de maio de 2023

Na escola ...

Os alunos têm andado deveras distraídos na sala de aula, coisa estranha e deveras preocupante, quando as condições eram mais do que suficientes para um excelente aproveitamento. Não prestam atenção à matéria, brincam quando deviam estar concentrados, adiam a concretização dos trabalhos, metem os "pés pelas mãos", têm a resposta na ponta da língua ou na mensagem do telemóvel, usam linguagem bué da fixe, mas inconsequente.

O director, atento, há já algum tempo que vinha avisando que lhe apetecia fechar a escola e tinha esse direito, tal como o de criar condições para que pudesse ser recrutado um novo professor, mais apto a dar as aulas como ele gosta. O seu mandato vai chegar ao fim e não há recondução possível. Por isso, é importante conseguir os objectivos, para que a história registe a sua passagem com letras garrafais. 

Como acontece quase sempre, a vontade, por si só, não resolve nenhum problema. A procura incessante de alguém disponível e capacitado tem sido muito difícil e os vários candidatos que já apareceram não parecem reunir as condições necessárias. Vai daí, o director resolveu manter a escola aberta e, duma cajadada, matou dois coelhos: o primeiro, dando umas palmadas bem fortes em alguns alunos brincalhões e distraídos, colocando o professor em sentido, advertindo-o que, ou entra na linha e executa o programa, ou marcha a toque de caixa da escola, só parando em Bruxelas; o segundo, dando tempo que os candidatos ao lugar cheguem a acordo entre si, por forma a que só um se sente na cadeira, ainda que apoiado por outros, sem grande barulho nem malcriadices.

O director falou grosso, o professor ouviu, no caminho para casa, através do rádio do automóvel. Os alunos tremeram de medo, foram espreitar Braga por um canudo e juraram portar-se melhor. Os comentadores da ocasião demoraram a perceber que, afinal, não tinham adivinhado nada e que o director não tirara as ilações que eram óbvias.

A dúvida, agora, é se as aulas chegam ao fim do período e há exame na data marcada ou se, pelo contrário, o director tem um acesso de mau humor, faz um teste inopinado e aproveita um qualquer candidato que se perfile e tenha boas sondagens.

O dilema persistirá ainda uns tempos, na expectativa de que os cursos de verão façam surgir, como por milagre, alguém com perfil para dar a matéria como convém.

Até lá, tento na língua, que hoje é o dia dela: Dia Mundial da Língua Portuguesa!

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