segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Mais de mil

Sempre tive uma relação ambivalente com o número mil, talvez por três zeros, mesmo à direita, trazerem à lembrança os "zeros à esquerda" que por aí pululam. 

Recordo, na minha infância, um caderno de problemas de matemática chamado 1111. Continha, como o próprio nome indica, 1111 problemas para resolver, os quais, na opinião de quem mo emprestou, eram essenciais para enfrentar o exame de admissão. Lembro-me, também, da Lenda de El-Rei D. Sebastião, criada pelo Quarteto 1111, cantada por todos os jovens daquela época e algumas vezes com letra adaptada a circunstâncias outras, que não vêm agora à colação. A memória também me diz que, no início da vida laboral, ganhar mais de mil escudos mensais não era para todos, quando a grande maioria ainda ganhava à semana e muitos só nos dias em que o tempo deixava trabalhar. Mais tarde, quando chegou o Euro, ter um ordenado superior a mil dos ditos também não estava ao alcance de qualquer um.

Os carros iam à primeira revisão quando atingiam os mil quilómetros, sabendo-se que só a partir dessa ida ao mecânico se podia acelerar, sem limites que não os policiais. Percorrer mais de mil quilómetros era quase como ir ao infinito, quando para ir ao Porto era preciso um dia bem comprido e a distância eram só duzentos e cinquenta. E o mil-folhas era um bolo de que eu gostava muito, mas que o estômago hoje detesta.

Agora há mil razões para estar preocupado por, há cinco dias seguidos, (e mais virão), o número de infectados com este malfadado vírus, que nos veio visitar sem convite, ultrapassar (e muito) os mil ... e pôr o velho no covil.

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