sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Mar sem fim

As ondas quebravam uma a uma

Eu estava só com a areia e com a espuma

Do mar que cantava só para mim. 

Dia do Mar
Sophia de Mello Breyner Andersen
Caminho

Não se desce nem se experimenta a água. Deve estar bem fria, para não variar. 

Olhar este mar e ouvir a sua música faz esquecer as notícias e o que elas transportam. É um privilégio poder dar um saltinho à Foz, apreciar esta maravilha, sem ninguém à volta, com apenas quatro ou cinco corajosos a apanhar sol como se fosse Agosto e dois ou três a tentar enganar os robalos que, com o mar tão forte, se põem a jeito e engolem um engodo saboroso. Pela boca morre o peixe ...

Confirma-se, também, que o mar continua a bater na rocha e o mexilhão, coitado, a sofrer as agruras das ondas sem ter por onde escapar. O que lhe vale (a ele, mexilhão) é ter a companhia das lapas, dos percebes, das algas e de tantos outros companheiros da desdita, para não se sentir discriminado, a pensar que o azar só a ele acontece. Como se pode ver, o mar não discrimina e bate em tudo o que lhe aparece pela frente, seja roto, nu, vestido, nobre ou plebeu, masculino ou feminino.

 

1 comentário:

Anónimo disse...

O mar, o mar. E a areia , coitada, bem sabe quanto ele lhe bate!