Ontem foi um dia de emoções fortes.
Para além das emoções e recordações que o 25 de Abril sempre (me) traz, o aniversário de ontem foi bem diferente e especial.
Há 46 anos as pessoas foram para a rua, sem temor dos tanques ou das G-3 e deram largas à sua alegria, cantando efusivamente a queda de um regime caduco e opressivo. A satisfação de não ter sido utilizada a força que, a acontecer, poria portugueses contra portugueses, fez com que os cravos da vendedeira do Rossio ficassem para sempre ligados ao dia inesquecível "inicial inteiro e limpo", como o descreveu Sophia.
Ontem comemorou-se mais um aniversário da revolução e também o meu.
Em ambos, a comemoração foi muito diferente do habitual: o da revolução não teve gente nas ruas, foi discreto, sem exuberância, com os sentimentos a exprimirem-se nas varandas, nas janelas e nas redes sociais. Na Assembleia da República, a imagem mais parecia uma sala de espectáculos tristemente sem público, com actores a sério e alguns, poucos, a não perceberem ou a não quererem entender o sentido da "peça"; ao meu valeram as novas tecnologias, permitindo ouvir e ver os parabéns cantados pelos meus, à distância, mas com o entusiasmo do costume.
A mesa do almoço era enorme e estava tão vazia ...
"Arquivei" algumas recordações que já juntei ao "livro da memória". O poema da minha irmã e as placas dos meus netos mais velhos estão já resguardados do caruncho e da humidade, no cantinho mais importante que, espero, o meu cérebro mantenha sempre bem cuidado.
Agora, fazendo as contas, verifico que o 25 de Abril ainda é muito novo: eu, já fiz 68 anos, e ele, ainda só tem 46. Está na "flor da idade". Porém, e embora na linguagem oficial ainda não esteja no grupo de risco, parece andar por aí também um vírus à solta que o pode atacar e, se não o levar à morte, trazer-lhe alguns dissabores.
1 comentário:
Também gostei.
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