quarta-feira, 22 de abril de 2020

Liberdade e Poesia

Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que me não cale:
até que o mundo fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.

A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a sua dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.

Carlos de Oliveira 

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom! Fico na esperança de descobrir qual o nível da fasquia que o seguinte atingirá.