domingo, 12 de abril de 2020

Quotidiano

O momento que vivemos é único nas nossas vidas e deixará marcas para sempre. É um lugar comum mas, dificilmente, mesmo os mais novos deixarão cair no esquecimento um tempo tão marcante e tão inesperado. 
Hoje, Domingo de Páscoa, houve almoço virtual que juntou a família à mesa, cada um em seu recanto, com tudo e sem nada em comum. Daqui por muitos anos, os netos recordarão a escola, o "exílio", o almoço, os chocolates partilhados em rede, as dificuldades com a posição das câmaras para se conseguirem as melhores imagens - não vejo os teus olhos - tudo o que os mais velhos não esperavam que acontecesse e muito menos contavam viver.
Depois de tudo isto bem mastigado e digerido e de ver, uma vez mais, o Papa sozinho na igreja que costuma estar cheia, sento-me na secretária e ligo o computador. 
Vou assistir, em directo, a um espectáculo de Andrea Bocelli, a partir da Catedral de Duomo, em Milão, na vergastada Itália.
Bocelli canta Música pela Esperança e aquilo que, em circunstâncias normais, seria um concerto com igreja cheia, foi, afinal, um cenário onde duas pessoas - cantor e organista -, enormes, se mantiveram a um nível impressionante e a deixarem claro que o homem tem e terá sempre força para resistir às adversidades e seguir em frente, rumo a um futuro que se espera melhor e será sempre diferente.
As pálpebras cerradas de Andrea Bocelli transmitem-nos a confiança de que a luz, um dia destes, vai surgir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vivemos tempos em que a realidade ultrapassa a ficção.