CIRCULAMOS EMBOLSADOS
Circulamos embolsadosem automóveis de luxoNas portas surdasos fechossão linhas a níquel a traçar o limitedos peões ocasionaisO espaldar desuneanula o solavancoreduz a área expostaEsguichos lavampára-brisas que a gargalhada abaulaClareiam as estradasSó o retrovisorlembra o caminho andadoa um olho reflectindode quem guiaTrémulo o chassispressagiaas roturasos sulcos dos freiosa divulgação do desastreMas real e criadano bolso de Picassouma pomba de bico floridosuja por inocência os tejadilhos
A noite dividida
Sebastião Alba
Assírio & Alvim (1996)
2 comentários:
A realidade num belo poema.
Contudo, a Esperança.
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