quarta-feira, 28 de abril de 2021

Filhos da madrugada

O 25 de Abril é uma data que me é muito querida, não por ser o dia do meu aniversário mas porque encerra uma transformação na qual, muito modestamente, participei, e que trouxe um país novo, abrindo portas que, até aí, permaneciam encerradas à grande maioria das gentes.

Decorridos quase cinquenta anos, é com muita alegria que vejo e ouço gente de elevada craveira, discutir com liberdade e participar activamente no desenvolvimento da ciência, da arte, da vida. Muitos dos que, hoje, fazem parte do escol da sociedade, teriam passado ao lado se aquele país fechado, falso moralista e enormemente elitista se tivesse mantido. O "ninho" determinava o destino e poucos "pássaros" conseguiam voar além de um horizonte muito limitado e previamente anunciado. O poder ser e depender apenas do querer não tem preço. Assim se mantenha ...

A RTP-3 transmitiu, durante o mês de Abril, 25 entrevistas de Anabela Mota Ribeiro a outras tantas pessoas, que têm em comum o facto de terem nascido depois de Abril de 1974. Chamou a essas entrevistas "Os filhos da madrugada". São conversas extraordinárias, com personalidades, as mais diversas, com histórias de vida e de antecedentes distintas, demonstrativas de que, ao contrário do que pensam muitos da minha geração, "os filhos da madrugada" são muito melhores do que foram os "pais" da dita. 

E tudo isto é o concretizar do sonho da grande maioria dos que viveram intensamente a madrugada do "dia inicial, inteiro e limpo", com tão bem o definiu Sophia.

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