terça-feira, 28 de março de 2023

Consciência

A experiência de vida ensina que, por muito má que a atitude se mostre, deverá pôr-se em equação a hipótese da existência de alguma coisa que traga, não a justificação, mas o motivo para que a perda das estribeiras aconteça.

E quem, por muito ponderado que seja e bem educado que tenha sido, pode atirar a primeira pedra?

Os que estudam, conhecem e entendem o comportamento humano - não é o meu caso, humilde ser sem atrevimentos nesse ramo do saber - conseguem explicar os motivos que levam um qualquer ser humano a perder a noção do certo e do errado, do bem e do mal e a comportar-se de forma tão violenta que culmina na morte do outro.

Não há nenhuma justificação para um indivíduo matar duas pessoas e ferir mais algumas, como hoje aconteceu no Centro Ismaelita de Lisboa. A primeira reacção, perante a notícia, é de condenação clara, com a esperança de que a Justiça, não ressuscitando os mortos, castigue exemplarmente o criminoso. Daí a pouco, alguns pormenores vão acordando outros pensamentos e abrindo caminhos para outras avenidas de culpa, que podem ter contribuído para a criação do cenário que levou à desgraça.

O assassino é um refugiado afegão, que fugiu da guerra no seu país, acompanhado da mulher e de três filhos menores. Na caminhada que o trouxe até à beira do Atlântico, perdeu a mulher na Grécia. Chegou a um país distante, desconhecido, com cultura e língua completamente diferente, onde foi instalado e passou a viver, com os filhos, do apoio que lhe era concedido.

Não justifica o acto, mas deve deixar muita gente de consciência intranquila e a pensar que não deverá ser pelo aumento das capacidades militares que se resolvem os problemas no mundo.

Sem comentários: