segunda-feira, 13 de março de 2023

Moinhos de vento

O papel tinha sido lá colocado há cerca de 15 dias. Indicava o número de telefone e pedia um contacto, por haver necessidade de conversar sobre assunto importante para os dois, ainda que não houvesse conhecimento entre ambos.

O moinho está lá bem no alto, visitado sempre pelo vento agreste e muito raramente por pessoas. Hoje, em mais uma ida à "senhora da asneira" em busca de alguém, de gente nem rasto. O papel já não estava no sítio onde tinha sido colado e eram visíveis as marcas deixadas pela fita adesiva que o segurava. Uma olhadela em volta e lá estava ele, ainda dentro da mica de plástico que o protegia dos malefícios do tempo.

- Alguém leu ... mas não passou cartão.

Na Junta de Freguesia, nenhuma das duas funcionárias sabia quem era o proprietário, mas aquela "senhora de idade" que ali está, deve saber.

- Conheço bem ... está em França ... mas a filha está cá.

- E a senhora sabe onde ela mora?

- Segue por ali abaixo, corta à direita e, depois, é uma casa branca ... na subida.

Tudo clarinho como água ... para quem conhece.

- A senhora não se importa de vir connosco e indica-nos?

- Pode ser.

Quatrocentos, quinhentos metros, não mais. E era bastante fácil ... para quem conhece. A filha conversou, disse que tinha visto o papel e telefonado para o pai, informando-o.

- Ele disse-me que lhe ia mandar uma mensagem.

Deve ter havido algum contratempo nos Pirenéus ou o vento de lá soprou forte e a mensagem não conseguiu fazer a viagem. O que havia a tratar, foi tratado, olhos nos olhos, como convém.

O moinho lá continuará e irá assistir à limpeza do terreno e ao desbaste dos pinheiros, com conhecimento do dono, que foi moleiro e já não é, e que não ficará surpreendido quando vier de vacances.

É fundamental haver boa vizinhança, mesmo não conhecendo os vizinhos.

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