terça-feira, 11 de abril de 2023

Contabilidades

Aprendi com ele as "partidas dobradas", o "deve e o haver", o "diário e o razão", o "inventário e o balanço", os lançamentos simples e os compostos, a folha de caixa, o balancete e a demonstração de resultados. E muitas outras coisas, claro, que me abriram portas, despertaram curiosidades e me "obrigaram" a andar a vida toda à volta com os números.

Pouco depois do Exame de Aptidão concluído, numa cavaqueira para adultos com 15 anos, disse-me:

- Se quiseres, arranjo-te emprego no BPA.

- Muito obrigado, sôtor, mas já trabalho num escritório e vou lá continuar, talvez até à tropa.

Mal sabia ele que o meu futuro iria passar pela banca, embora nunca no BPA. Estas palavras foram recordadas em algumas conversas ao longo da vida. Já não serão mais ...

A sua maneira de andar pela sala, o seu tom de voz, claro e assertivo, a dedicação com que ensinava, mantiveram-no sempre na minha lembrança. O livro, da sua autoria, que conservei até o ter oferecido para uma exposição comemorativa do cinquentenário da Escola, era o suporte da aprendizagem. Estava lá tudo! Mesmo aqueles que tinham algumas dificuldades, aprendiam cedo que a um débito correspondem sempre um ou vários créditos e que a diferença entre os custos e os proveitos é o resultado líquido do exercício, positivo ou negativo.

Partiu hoje o Professor Jorge Gonçalves Amaro. Apesar de ser do conhecimento de todos que os anos, mais tarde ou mais cedo, determinam este desfecho, é com emoção que recordo um homem que conheci há sessenta anos e me marcou profundamente.

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