No Dia Mundial da Ópera, é sempre um prazer ouvir e, melhor ainda, ver. Pena não ser ao vivo, no Metropolitan e sem o homem da melena por perto.
Casa situada na cidade das Caldas da Rainha, "nascida" em 1976, numa rua sossegada, estreita e, desde Abril de 2009, com sentido único. Produção: dois frutos de alta qualidade que já vão garantindo o futuro da espécie com quatro novos, deliciosos. O blog é, tem sido ou pretendido ser uma catarse, o diário de adolescente que nunca escrevi, um repositório de estórias, uma visão do quotidiano, uma gaveta da memória.
sábado, 25 de outubro de 2025
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Expresso
Como acontece há mais de cinquenta anos, a edição semanal do Expresso entrou em casa no final da manhã de hoje. Com a mesma aparência, desta vez vem diferente. A primeira página não traz qualquer referência a conteúdos, títulos ou chamadas de atenção. Uma única fotografia ocupa-a pela totalidade, com uma breve referência em pé de página: " Esta é uma edição especial de homenagem a Francisco Pinto Balsemão, sobre o legado que deixa ao país."
Não vale a pena estar, agora, a tecer elogios próprios ou a copiar alheios, alguns deles com um cheirinho a hipocrisia chamuscada.
O Expresso foi, em Janeiro de 1973, uma lufada de ar, uma luz nova, um horizonte a abrir, um sol a raiar, para quem, até aí, tinha tido um acesso limitado, condicionado e vigiado, não fosse "o diabo tecê-las". A entrada no serviço militar, no Abril do mesmo ano, trouxe conversas, opiniões, abertura, discussão, aprendizagem, clarificação, despertar para os condicionamentos de um regime sórdido, que só viria a cair no ano seguinte. E o Expresso ajudou!
A imprensa está a viver mal e a independente e plural tem muitos soluços. Espero que o Expresso se aguente e tentarei contribuir para isso, mas apenas o desejo se e enquanto a liberdade e a independência se mantiverem como até aqui.
domingo, 19 de outubro de 2025
Rescaldos e sonhos
Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu, dizia-me, muitas vezes, a minha mãe, ilustrando os que, mal sobem a escada, partem todos os degraus para que mais ninguém os possa apanhar.
Vivemos tempos de hipocrisia, de arrogância, de "vale tudo", de não se olhar a meios para atingir os fins, de julgar que a carteira, mesmo lisa, há-de um dia ser cheia e comprar tudo.
Surgem debaixo dos pés os oportunistas, os mentecaptos, os que acham que, sem eles, o mundo não existiria. E fazem escola! E têm apoiantes e sobem, sobem, qual balão que, um dia, vai esvaziar. E essa é a sua grande luta: se e quando o balão esvaziar, ao menos ninguém dê por isso.
O poder, o poder, o poder, não para ajudar a resolver mas para (me) engrandecer! E, sentado na cadeira, reclamar a reverência a que (me) julgo com direito, adquirido à custa de muita habilidade e cretinice.
Não têm culpa! A fuga dos que tinham condições e há muito decidiram afastar-se, trouxe para a ribalta gente de fraca estirpe e má índole, e colocou na gaveta do esquecimento aqueles para quem Abril sonhou abrir as portas.
segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Autárquicas 2025
Agora só para o ano, se não houver nenhum engano ... Começaremos 2026 a procurar novo Presidente da República e, ao que parece, não irão faltar candidatos para todos os gostos.
Bem mais de metade dos portugueses inscritos (existirão nos cadernos alguns que já lá não deviam "morar") votaram e escolheram quem os irá governar, a nível local, nos próximos quatro anos.
Por aqui, a "luta" foi renhida, mantendo-se a Câmara nas mãos do VAMOS MUDAR por uma "unha negra" - apenas 140 votos. Só a contagem das duas freguesias da cidade determinou o resultado final. No resto do concelho, a predominância é o regresso ao passado, com um "cheirinho" a essa novidade barulhenta que, felizmente, ficou bem longe do gritado.
Não se imagina fácil a gestão da autarquia, pese embora a experiência já adquirida pelo actual e futuro Presidente.
sábado, 11 de outubro de 2025
Autárquicas 2025
Reflectindo ... copiando o que está a acontecer em todo o país.
E o resultado dessa reflexão profunda, empenhada, sabedora e concentrada?
A ver vamos!
sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
Fui (re)ler. A memória já só retinha o tema e a forma que o autor, e protagonista principal, tinha encontrado para narrar o seu sofrimento às mãos dos fascistas alemães, apenas e só por ser judeu. Custa-me a acreditar que, se fosse vivo, Primo Levi concordasse com o que alguns compatriotas seus têm levado a cabo em Gaza, com a justificação de estarem a vingar o atentado terrorista de 7 de Outubro de 2023. Pelo contrário, acho que ele deveria ser um acérrimo defensor do diálogo e da paz.
"(...) Ka-be é a abreviatura de Krankendau, a enfermaria. São oito barracas, em tudo parecidas com as outras do campo, mas separadas por um arame farpado. Contêm permanentemente um décimo da população do campo, mas poucos permanecem mais de duas semanas e ninguém mais de dois meses: dentro destes prazos temos obrigação de morrer ou ficar curados. Quem tem hipótese de se curar, no Ka-Be é tratado; quem tem tendência para piorar, do Ka-Be é enviado para as câmaras de gás.
Tudo isto porque temos a sorte de pertencer à classe dos "judeus economicamente úteis".
Nunca entrara no Ka-Be, nem no Consultório, e portanto tudo aqui é novo para mim.
Os consultórios são dois, o Médico e o Cirúrgico. Diante da porta, na noite e no vento, estão duas longas filas de sombras. Uns precisam só de uma ligadura ou de um comprimido, outros pedem para marcar consulta; alguns trazem a morte na cara. Os primeiros das duas filas já estão descalços e prontos para entrar; os outros, à medida que a sua vez se aproxima, procuram, no meio da confusão, desligar os laços improvisados e os arames dos sapatos e desenrolar, sem os rasgar, os preciosos panos para os pés; não demasiado cedo, para não ficarem inutilmente na lama com os pés descalços; não demasiado tarde, para não perderem a vez: pois é rigorosamente proibido entrar no Ka-Be com os sapatos. Quem está incumbido de fazer respeitar a proibição é um gigantesco Häfling francês, que estaciona no cubículo colocado entre as portas dos dois consultórios. É um dos poucos funcionários franceses do campo: e não se pense que passar o dia entre os sapatos lamacentos e rotos constitua um pequeno privilégio. Será suficiente pensar em quantos entram para o Ka-Be com os sapatos e saem sem precisar deles ...
Quando chega a minha vez, consigo milagrosamente tirar os sapatos e os panos sem perder uns nem outros, sem que me roubem a marmita e as luvas e sem perder o equilíbrio, embora sem largar o boné, que por nenhuma razão se pode ter na cabeça ao entrar nas barracas.
Deixo os sapatos no depósito e guardo a respectiva senha, depois, descalço e coxeando, com as mãos ocupadas com todas as minhas míseras coisas, que não posso deixar em lado nenhum, sou admitido no interior e fico numa nova bicha que termina na sala das consultas.
Nesta bicha despimo-nos progressivamente e, quando a nossa vez se aproxima, é preciso estarmos nus porque um enfermeiro nos coloca o termómetro debaixo da axila; se alguém estiver vestido, perde a vez e volta para o fim da bicha. Todos devem pôr o termómetro, mesmo que tenham só sarna ou dor de dentes.
Deste modo há a certeza de que quem não está seriamente doente não se irá submeter por capricho a este complicado ritual. (...)"
terça-feira, 7 de outubro de 2025
Matemática
O Clube Tinta da China, do qual sou "sócio" desde o seu início, enviou-me, na passada semana, o livro 33, da autoria de Marcelo Viana, com o título Histórias da Matemática - Da contagem dos dedos à inteligência artificial.
O título do livro indicia claramente o conteúdo e, mesmo para quem não é dotado de grandes saberes matemáticos, é extremamente interessante. Está carregado de exemplos de aplicações e descobertas matemáticas e ainda só vou no Séc. XVII ...
Num dos desafios, o autor convida-nos a determinar os anos vividos por Diofanto, filósofo grego que terá vivido nos anos 250 A.C.. De acordo com o autor, o texto/problema aparece numa colecção de quebra-cabeças do Séc. V e diz o seguinte:
"Aqui jaz Diofanto, vejam que maravilha. Por arte matemática, a pedra nos diz a duração da sua vida. Deus lhe deu um sexto da vida por infância. Mais um duodécimo por juventude, quando surge a barba. Um sétimo mais e começou o tempo do casamento. Cinco anos passaram e um filho chegou. Tragédia, o herdeiro foi levado pelo destino quando tinha por idade a metade da vida de seu sábio pai. Depois de se consolar com a ciência dos números por quatro anos mais, terminou Diofanto enfim sua existência."
Com que idade morreu Diofanto?
Não me dei ao trabalho de tentar descobrir o valor de X (incógnita da idade), nem a forma/fórmula de equacionar o problema. "Googlei" e a IA deu a resposta imediata: Diofanto morreu com 84 anos de idade!
Palavras para quê ...
domingo, 5 de outubro de 2025
República
Dia do aniversário da República, que comemora hoje 115 anos. Talvez o número, que já foi da emergência nacional, tenha determinado a quase ausência de referências à data.
Nos jornais de hoje, nem uma linha; nas televisões quase a mesma coisa; das entidades oficiais, a presença, discreta, no hastear da bandeira na varanda da Câmara de Lisboa, sem direito a discursos ou conversas, que a campanha autárquica poderia torpedear e sair lengalenga falsa ou enganadora.
Lembro-me, em jovem, de dois grandes republicanos caldenses, atravessarem a Rua Almirante Cândido dos Reis com uma bandeira nacional às costas, bem desfraldada e na posição correcta. Tinham sempre chatices, mas lá iam mantendo a tradição de que o regime não gostava nada.
Estaremos a voltar a esses tempos?
Viva a República!!!
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
Dia Mundial da Música
Música a sério, e não a que nos vão servindo por aí, a toda a hora e em doses industriais!
terça-feira, 30 de setembro de 2025
Palavras bonitas (talvez actuais)
Ao Sr. José Ventura Montano(Rogando-lhe socorro para pagar as rendasdas casas em que o autor habitava)Demanda-me usurário senhorioDo já findo semestre a soma escassa,E enjoada de esperas, sei que traçaPôr-me em Janeiro a passear ao frio.Ele em tais casos tem mais brio,Que é homem pé-de-boi, vilão de raça.Já creio que mandado extrai e o passaÀ mão ganchosa de aguazil bravio.Tu, que detestas esta corja horrenda,Que deveu a ganância inútil suaPrimeiro ao chafariz, depois à tenda,O avaro alegra, que um semestre amua;Acode ao caro amigo, antes que aprendaDe cães vadios a dormir na rua.Obras escolhidasBocageCírculo de Leitores (1985)
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Sinas
Há dias assim!
Apetece-me escrever qualquer coisa e, ao mesmo tempo, interiormente algo me sussurra: não inventes, fica quietinho, à espera que a vontade passe, como o outro.
O lápis continua na mão e desliza, garatuja, gatafunha, risca, não desenha, que isso é mester a que a mão foi sempre arredia, anota, aponta, regista, começa, termina, volta ao sítio que o guarda, repensa, hesita, posiciona-se e, na sua santa ignorância, recoloca-se na mão, aguardando a sua oportunidade de servir, que foi para isso que ele, lápis, foi concebido.
Na oficina, onde o carro teve de ir para mudar a lâmpada do pisca traseiro esquerdo, fundida por excesso de uso, acredito, a senhora do atendimento, após receber o pagamento do serviço, diz:
- Muito obrigada e até à próxima. Um bom fim de semana ... ai, que disparate! Boa semana. Credo, já estou tão cansada ...
E tinha razões para isso. Naquela meia hora que por lá estive a aguardar, a senhora não parou um momento. Fez telefonemas, atendeu clientes, foi à oficina, recebeu chaves, deu chaves, puxou do multibanco, recebeu dinheiro e deu troco, imprimiu facturas, fez folhas de obra, chamou colegas mecânicos, deu opinião sobre o melhor óleo para determinada viatura, orçamentou um pedido de reparação que não foi aceite e, como se não bastasse, ainda veio a correr atrás do distraído que se tinha esquecido da lâmpada que sobrara.
Como o lápis, há gente que nasceu para servir ... e ainda consegue sorrir, mesmo cansada.
sábado, 27 de setembro de 2025
Moderação
Até aqui, uma das minhas grandes preocupações tem sido a moderação - minha e da sociedade -, sempre com a consciência de que não é nada fácil ser moderado e com a esperança de que eu não exceda os limites e que, na convivência social, aconteça o mesmo.
Todos sabemos que, por vezes, podem acontecer excessos por "dá cá aquela palha". O que não sabíamos é que a moderação tinha limites e estes podiam ser matematicamente explicitados e legalmente estabelecidos.
O Governo de Montenegro acabou de nos provar como, afinal, tudo é fácil e possível de quantificar. Até a moderação!
O valor moderado das casas passa a ser de 648.000 € e o das rendas das mesmas, de 2.300 €. Os valores fixados determinam o valor da moderação e estão perfeitamente ao alcance de qualquer bolsa moderada e bem intencionada ...
A moderação está na ordem do dia, nas casas, nos gestos e no vocabulário. Aguarda-se, apenas, que a moderação parlamentar confirme a decisão governamental e que a moderação de Belém a promulgue.
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) - <<Maldito!>> - murmurou o Mil-homens. - <<Mandou cortar a hera e pôs cal nas juntas do muro ... Quando nós viemos isto não estava assim. Vamos dar a volta a ver se há outro lugar por onde subir>>.
Contornámos o paredão, que dá ali uma volta, e ao pouco de andarmos vimos, quase tapado por um monte de terra de obras, um grande furo, rente ao chão, que se metia pelos alicerces do muro como se estivesse a fazer uma mina. Não havia ali ninguém a trabalhar, sem dúvida por causa da chuva. Depois de reflectirmos um pouco no que seria aquilo, percebemos que era para passar as águas do canal novo, como estavam a fazer em muitas outras casas, pois dizem que agora a gente rica vai ter torneiras nas suas casas, mas eu não vou acreditar até que o veja ... Então, mesmo sabendo que nos íamos encher de lama, pois aquilo estava uma desgraça, metemo-nos pelo furo, e após alguns passos vimos o céu por cima de nós e os galhos de umas árvores por outro furo que subia a pique.
- <<Põe-te aqui>> - ordenou o Bocas, com aquela sua maneira de mandar, quando andava nelas, que não admitia outra resposta senão obedecer. Agachei-me um pouco, e depois de meter a manta por cima das costas, subiu aos meus ombros até chegar à parte de cima do furo apoiando-se nos cotovelos. Espreitou um pouco e desceu com um salto, para ficar especado, encostado à parede e com os olhos postos em nós.
- <<Está ali!>> - balbuciou muito assustado.
- <<Quem, homem?>>
- <<A mulher, a tal senhora ...>>
- <<Eu não vos dizia?>> - argueirou o Mil-homens, como que pesaroso de que fora certo. - <<Mas viste-a bem?>>
- <<Meu Deus, não parece coisa deste mundo! Fiquei sem respiração ...>>
- <<Deixa-te de merdas ... Já tenho vinte e quatro anos e já passou o tempo de acreditar em bruxas.>>
- <<Meu Deus!>> - continuou a falar, como se não nos tivesse ouvido. - <<Põe-te aí; deixa-me vê-la outro bocadinho.>>
- <<Pois eu também quero ver o que é isso ...>>
O Aladio tirou uma garrafa de aguardente, que roubara na tasca e que trazia no bolso da samarra, e bebemos uns valentes goles para nos animar. (...)"
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
Complicação outonal
Chega hoje o Outono e traz com ele o céu azul, pouco vento e uma temperatura agradável, que não convida ao banho nas águas, frias, da Foz. Acabou a época!
Ou talvez não! Com tantas alterações que vão acontecendo, no clima não controlável e naquele que podíamos apaziguar, quem sabe se Outubro não proporciona grandes modificações e, talvez, umas boas banhocas. A meter água, vamos ter muita gente ...
Começaram as aulas, a "Uber" está de prevenção, o "restaurante" abre portas com alguma frequência e sempre com o maior prazer, a logística do trabalho aperta, as folhas do jardim vão-se acastanhando e caindo, a "arrumação" dos troncos do pinhal está longe de estar concluída. Para além de tudo isto, que não é pouco, os entendidos recomendam actividade física, para prevenir o "esquecimento" e diminuir o risco dos "diabretes".
Que trabalheira, para mim, que há muito concluí ter feitio para estar de férias.
Vida de reformado é muito, muito, complicada ...
quarta-feira, 17 de setembro de 2025
Palavras bonitas
O VALOR DO VENTO
Está hoje um dia de vento e eu gosto do ventoO vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras esó entram nos meus versos as coisas de que gostoO vento das árvores o vento dos cabeloso vento do inverno o vento do verãoO vento é o melhor veículo que conheçoSó ele traz o perfume das flores só ele traza música que jaz à beira-mar em agostoMas só hoje soube o verdadeiro valor do ventoO vento actualmente vale oitenta escudosPartiu-se o vidro grande da janela do meu quartoTodos os PoemasRuy BeloAssírio & Alvim (2000)
domingo, 14 de setembro de 2025
Adversativas
Pelo céu vai uma nuvem, um ritmo lento, não seu, mas do vento que a impulsiona lá bem no alto. De quando em vez, dá um ar da sua graça e tapa o sol, impedindo o visionamento do azul celeste. Feitios ... a nuvem bem tenta fazer o que quer, lhe vai na real gana ou pensa ser o melhor para si e para as outras que a acompanham.
Porém, os condicionamentos são muitos e nem sempre a sua vontade prevalece. Melhor ainda, é muito raro que seja determinante, se é que alguma vez acontece. Vai de sul para norte, impulsionada pela nortada e, de repente, o vento muda e a trajectória altera-se, sem dar tempo, sequer, para dizer de sua justiça e obstar a um novo rumo que, normalmente, até nem é do seu agrado.
Todavia, como é perseverante, lá prossegue o caminho ditado, não escolhido, sempre atenta à hipótese de tornar ao seu destino preferido, tendo consciência que o importante é fazer aquilo que se gosta e gostar daquilo que se faz. É o sul que lhe agrada, lhe manifesta clareza, lhe dá horizonte, a deixa sonhar e lhe torna, nos dias mais sombrios, uma réstea de esperança que o vento mude.
Contudo, o vento é demasiado teimoso ou dotado de uma personalidade forte para lhe fazer a vontade de forma simples, preferindo sempre os caminhos mais ínvios: roda para sul, depois para nascente, um saltinho a nordeste, uma viragem rápida ao oeste marítimo. Não permanece muito tempo na mesma direcção, não se entende com o imobilismo, adora mudar, dar velocidade à nuvem, mudar-lhe a cor, fazê-la acinzentada, muitas vezes negra, clarinha em outras. A nuvem reclama, barafusta, tenta sempre contrariar. Desistir, nunca.
É a vida ... da nuvem, claro!
domingo, 7 de setembro de 2025
sábado, 6 de setembro de 2025
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Expresso
Preparemo-nos, afincadamente, para o curso intensivo de modas e bordados que a China se prepara, com toda a calma e paciência, para ministrar a todo o mundo, sem necessidade de matrícula nem de propinas.
No Expresso desta semana, como sempre, o cartoon de António põe o dedo na ferida ...
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
Vai longe o tempo em que ler Aquilino "obrigava" a ter o calhamaço da Porto Editora sempre à mão. Agora, o telemóvel dá uma ajuda fácil e preciosa, se bem que surjam, de quando em vez, alguns vocábulos, frases ou expressões que a IA ainda não "aprendeu".
O livro chegou há cerca de um ano e é uma (re)edição de 2023 da Bertrand, com o apoio do Município de Moimenta da Beira. Juntou-se aos antigos que por cá "habitam", mas só agora teve direito a leitura. Nem sempre há disposição, e tempo, para o "castigo" que é ler Aquilino ... mas vale sempre a pena. A língua portuguesa tratada pelo Mestre é, ainda, mais maravilhosa.
"(...) Desde aquele momento, a velha igreja adormecida, que o tempo ia consumindo com limar silencioso, acordou à sanha renovadora de meu pai. Dias a fio, o rebuliço quebrou o laborioso encanto da Biblioteca. E uma manhã, uma revoada de aves noctívagas veio abater-se espavorida por detrás dos volumosos tomos de Cornélio Alapide e de Silveira, doutos comentadores de textos.
Minha mãe, na lacrimosa fonte dos monges, lavou de sol nado e sol-pôr. Às braçadas, dos arcazes profundos da sacristia e da casa da fábrica, lhe acarretou meu pai todas as alfaias de linho raso e pano holanda que havia. E tantas eram, que, no dizer de meu mestre, sobejavam para enroupar um albergue de desvalidos. Quando todos estes objectos, artificiosamente obrados, de doce nome e de corte extravagante, alvas, amictos, palas, sanguinhos, frontais, manípulos, corporais, bolsas, secavam ao sol, lembraram-me os estendedoiros de Maria de Nazaré que, antes de ser vaso de eleição, fora modista e lavadeira de delicados dedos.
As minhas devoções cumpri-as agora perante o Cristo exposto no baldaquino da Livraria. Em tempo ordinário, todas as manhãs, antes que meus dedos folheassem livro, dirigia-me à capela a orar e a contemplar. Era um louvável costume que meu mestre me inculcara como fonte copiosa de actividade. Sozinho na nave imensa, a meio dum vagalhão de sombras, o espírito penetrava no meu espírito como o sol por uma vidraça. Do alto tecto alteroso, em uma só curva, a pomba do Paracleto, com rémiges vermelhas laivadas a branco, voejando sobre um bulcão de labaredas, soltava as vozes doloridas: in nidulo tuo moriar. Pisando aquelas lájeas funerárias, eu ouvia-as sempre com a angustiosa obsessão dum peregrino perdido a monte. Em cima, na tribuna, S. Francisco e S. Domingos cresciam em sua estatura severa de gigantes; intimidava-me neles a expressão de força e ombratura de centuriões romanos.
- Não era podoa nenhuma este imaginário - disse-me um dia o senhor padre Ambrósio, apontando com o índex. - Foram assim, apoucados no jeito, grandes no gesto. Rezam as histórias que o papa Honório, terceiro deste nome, em vésperas de confirmar a Ordem dos Pregadores, fundada por S. Domingos, tivera uma visão. O filho de Deus aparecera-lhe armado de três lanças, lívido de cólera, prestes a destruir o mundo que três vícios, a soberba, a cobiça e a luxúria, devoravam. <<Tate! Meu Jesus - acudiu a dulcíssima Virgem Maria - os homens são fracos, são filhos de Adão pecador, mas regeneram-se.>> E, só com mostrar-lhe S. Francisco e S. Domingos, obteve a clemência de Jesus ... De facto, os dois vagabundos dos caminhos salvaram da morte o mundo cristão. Este estatuário não era podoa, Libório, não era ... (...)"
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
Tão longe ...
Porque hoje é o "primeiro dia do resto da tua vida", fica por aqui uma escolha tão do agrado do teu filho, meu neto caçula, assinalando a quarta capicua de uma vida que se espera, e deseja, traga muitas.
Parabéns, meu filho!
sábado, 30 de agosto de 2025
Comboios
Há cinquenta anos que não ando de comboio, nem mesmo uma só voltinha para recordar tempos idos e viagens intermináveis, da capital do Oeste para a "cidade grande" e vice-versa. Grandes leituras e, também, enormes sonecas, nas quase três horas de caminho.
Talvez a electrificação da linha do Oeste e a consequente melhoria dos comboios e dos tempos de viagem ainda me apanhem em condições de voltar a usar um meio de transporte que as autoestradas, as vistas curtas e os interesses rodoviários tornaram obsoleto. Portugal é a excepção europeia no que à utilização dos caminhos de ferro diz respeito.
E a que propósito me lembrei eu, hoje, do comboio?
Vi por aí, numa dessas notícias "telefónicas" que chegam depressa e desaparecem logo, uma referência a Lobão da Beira, localidade do concelho de Tondela, distrito de Viseu. Associei a localidade a um cliente para quem, nos meus primórdios profissionais, despachei, via CP, muitos molhos de bacelos que o estimado senhor estava a plantar naquela localidade. Durante três ou quatro anos, já não recordo bem, o telefone fixo tocava e a encomenda surgia, sempre acompanhada pelo convite para visitar as vinhas plantadas, quando calhasse passar por Lobão. Se a visita nunca aconteceu, como me fui lembrar disto agora?
Associação de ideias ou idiotice?
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
Ventos
No alto daquela serra não plantei uma roseira, como fez o outro!
Deixaram-nos por lá umas boas centenas de pinheiros, que vão crescendo, dia a dia, sempre com necessidade de alguns cuidados difíceis de concretizar por quem não tem saber nem experiência da arte.
Do alto do Montejunto vê-se a Foz, ouvem-se os passarinhos, sente-se a música do vento que, por lá, sopra de forma constante. E cresce-se, vive-se, faz-se "ginásio" e vê-se, claramente visto, que a agricultura é "a arte de empobrecer alegremente".
Que fazer? Enquanto as pernas deixarem, vamos subindo e descendo ...
domingo, 24 de agosto de 2025
Inverno
Com Agosto à beira do fim e o Verão a caminhar junto, nota-se menos gente na praia eleita e já se vai comentando que as férias estão a dar as últimas, com o regresso ao trabalho de muita gente, nomeadamente dos que laboram bem longe daqui.
Como sempre, tudo parece ter um fim, o que nos faz encarar a vida pela positiva e pensar sempre que "depois da tempestade, surge a bonança". Será mesmo assim? Não parece!
Da guerra na Ucrânia, por mais "bocas" que o homem da melena amarelada lance, não se vislumbra fim à vista; na faixa de Gaza, outro mentecapto prossegue na destruição de muitos na tentativa de se safar a si próprio; a Europa lança foguetes e corre, desesperada a apanhar as canas. Por cá, apesar dos estudos, das análises, dos meios, das percepções, das cores dos avisos, dos heroísmos, das tardias ajudas, das festas e romarias com gin à mistura, os fogos continuam a destruir sem dó nem piedade uma parte significativa do país e a ceifar vidas.
Que o Inverno chegue depressa!
sábado, 23 de agosto de 2025
Palavras bonitas ...
... adequadas para o meu pai, que partiu há precisamente uma década.
VOZ
Era uma voz que doía,Mas ensinava.Descobria,Mal o seu timbre se ouviaNo silêncio que escutava.Paraísos, não havia.Purgatórios, não mostrava.Limbos, sim, é que diziaQue os sentia,Pesados de covardia,Lá na terra onde morava.E morava neste mundoAquela voz.Morava mesmo no fundoDum poço dentro de nós.LibertaçãoMiguel TorgaCoimbra (1978)
terça-feira, 19 de agosto de 2025
Nomes
Tenho um nome próprio não muito vulgar, escolhido por minha mãe, a qual nunca me explicou a razão de o ter feito nem em que se baseou para tal. A dúvida, metódica, já não pode ser esclarecida.
Para além de ser uma cidade da Florida, nos USA, e título de um romance de Virgínia Woolf, parece ter tido origem em nomes germânicos e significar "natural de terra gloriosa". Tinha de ser ...
Até aqui, nada de anormal nem de diferente de milhares de outros nomes escolhidos para muito boa gente.
Todavia ... em criança, poucos acertavam com ele, ouvindo-se Arlando, Arelando, Arrelando, Relando, e, apenas de quando em vez, a pronúncia correcta. Na escola, era frequente surgir o "H" no início e uma cara de espanto quando corrigia o erro. Ainda não há muito tempo, um funcionário ficou boquiaberto por não conseguir encontrar esse nome esquisito na ordem alfabética computacional.
- Não é com "H"?
Com tudo isto convivi, e convivo, sem quaisquer problemas, muito menos recalcamentos, zangas ou amuos. E gosto muito do meu nome, devo confessar.
Esse gosto está mais reforçado com a constatação de este nome tão difícil ter sido trazido para a "montra" do supermercado e ser marca de comida distintiva para o melhor amigo do homem (e da mulher, claro)!
sábado, 16 de agosto de 2025
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) Não é nosso fim censurar uma tendência, que parece invencível; o que queremos é motivá-la.
Por menos observador e menos experiente que seja, qualquer pessoa reconhece que a toleima é quase sempre um penhor de triunfo. Desgraçadamente ninguém pode por sua própria vontade gozar das vantagens da toleima. A toleima é mais do que uma superioridade ordinária: é um dom, é uma graça, é um selo divino.
<<O tolo não se faz, nasce feito>>.
Todavia, como o espírito e como o gênio, a toleima natural fortifica-se e estende-se pelo uso que se faz dela. É estacionária no pobre-diabo, que raramente pode aplicá-la; mas toma proporções desmarcadas nos homens a quem a fortuna, ou a posição social cedo leva à prática do mundo. Este concurso da toleima inata e da toleima adquirida é que produz a mais temível espécie de tolos, os tolos que o académico Trublet chamou <<tolos completos, tolos integrais, tolos no apogeu da toleima.>>
O tolo é abençoado do céu pelo fato de ser tolo, e é pelo fato de ser tolo, que lhe vem a certeza, de que, qualquer carreira que tome, há de chegar felizmente ao termo. Nunca solicita empregos, aceita-os em virtude do que lhe é próprio: Nominor leo. Ignora o que é ser corrido ou desdenhado; onde quer que chegue, é festejado como um conviva que se espera.
O que opor-lhe como obstáculo? É tão enérgico no choque, tão igual nos esforços e tão seguro no resultado! É rocha despegada, que rola, corre, salta e avança caminho por si, precipitada pela sua própria massa.
Sorri-lhe a fortuna particularmente ao pé das mulheres. Mulher alguma resistiu nunca a um tolo. (...)"
terça-feira, 12 de agosto de 2025
Sono
Está um calor de ananases.
O país a arder, as praias cheias, hospitais encerrados, festas e romarias, todo o mundo em férias ou quase.
As televisões repetem-se, os jornais copiam-se, o mercado futebolístico agita-se, os candidatos autárquicos colocam-se em bicos de pés, falam, falam e ... o país vai indo, sem culpa nenhuma de ter nascido e nem sequer ter sido ouvido no respectivo acto.
Sobram os tudólogos, ouvidos a torto e a direito, opinando em todas as direcções, com verdades nuas e cruas sobre tudo e sobre nada, opiniões, soluções e conclusões que, dez segundos depois, caem no mais completo esquecimento, substituídas por outras idênticas e igualmente vazias no valor e na forma e bem cheias na verborreia.
sábado, 9 de agosto de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) << O que não se vê não existe. >>
Se lhe perguntassem em que consistia o seu trabalho, bastava-lhe responder assim. Eliminar o que não pode ser visto. Engolir, apagar, sufocar, sepultar. Encobrir. Erguer muros. Abrir buracos. Omar era mestre na arte do soterramento e do segredo. Ninguém sabia tão bem como ele contrapor um silêncio opaco e sereno a quem fazia perguntas. Nada conseguiria fazê-lo fraquejar, nem sequer o rosto enlutado das mães que procuravam os filhos ou as súplicas de uma jovem cujo marido desaparecera, uma manhã. Em 1965, durante os protestos estudantis, ele participara na tarefa de apagar os vestígios do massacre. Com os seus homens, assumira o controlo da morgue de Aïn Chock e, durante dias, ninguém pôde entrar ou sair de lá sem que Omar desse o seu aval. Muitas famílias reuniram-se diante do edifício, reclamando os restos mortais dos seus entes queridos. Ele mandou expulsá-las. Depois, uma noite, carregaram os corpos na traseira de uma carrinha, com os faróis apagados. Corpos frágeis e leves, cadáveres de adolescentes e de crianças que não pesavam nada nos braços dos polícias encarregados de os transportar. Deslocaram-se até ao cemitério deserto e Omar ainda se recordava do reflexo da lua nos túmulos e dos buracos que foram abertos, em pontos dispersos, afastados uns dos outros. Os polícias começaram a descarregar a carrinha. Alguém quis rezar, mas Omar não o permitiu. Deus não era para ali chamado.
Naquele país miserável, bastava distribuir umas notas. Ao médico que testemunharia que não vira nenhum ferido. Ao coveiro que, por um punhado de dirhams, se esqueceria que cavara sepulturas para crianças assassinadas. Omar nunca aceitava dinheiro. E, no entanto, ofereciam-lho centenas de vezes. E viu, amiúde, os seus colegas aceitarem maços de notas escondidos num envelope de papel pardo. Viu-os enriquecer e subir na escala hierárquica. Casavam-se com raparigas ricas de boas famílias, cujos pais se alegravam por terem um genro na polícia. (...)"
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
Actualidade
Quem é dotado, vê sempre mais longe, mais cedo, mais claro e não tem medo de o dizer bem alto.
Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu o poema; Francisco Fanhais musicou-o e cantou-o há mais de meio século. Lendo e ouvindo com atenção, podia ter sido ontem. Estaria tão actual como naquela altura (1970).
As guerras continuam, a fome mata todos os dias, as armas proliferam, o poder encanta e utiliza-se despudoradamente em proveito próprio, o egoísmo grassa. Não podemos ignorar ...
terça-feira, 5 de agosto de 2025
Respeitinho
O país vai de carrinho ... preocupado com as minudências, que ocupam as conversas, distraem da floresta e são tema dos areais.
De acordo com o "discurso" da senhora Ministra, as leis do trabalho têm de ser alteradas, porque há abusos que não se podem admitir. Há mulheres que se aproveitam da lei e usufruem da dispensa de trabalho - duas horas por dia - para amamentarem os filhos até eles irem para a escola (ou para a tropa?).
Solução: prazo fixo de 2 anos, a partir do qual não será possível usufruir. Nem mais um dia ... a lei será para cumprir.
Puna-se, fixe-se, limite-se e teremos toda a gente na linha ... mesmo que a grande maioria lá esteja e não seja abusadora.
E sempre a bem da nação, que não pode pactuar com esta gente que de tudo se aproveita ...
Quantas são? Quantos são?
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
50 - 1
Heliotrópio - Designação de várias plantas que se viram para o Sol, quando este se acha acima do horizonte (Dicionário Texto Editora - 2009)
"Dr. Google" - 49 anos de casamento: bodas de Heliotrópio.
terça-feira, 29 de julho de 2025
Palavras bonitas
Elogio do sorvete
come sorvetes velha come sorvetesque a morte chega mais cedo do que pensasbem melhor será partires toda fresquinha por dentrocom tanto fogo aceso nas paredes de Maioalém disso ficas mais bonita (tu que já ésde novo uma criança) com a bolacha esguiaa arrefecer-te os dedos frios e a línguaa saltitar na palidez dos lábioscome sorvetes velha come sorvetes quetirando os chocolates do nosso tioFernando Pessoaos sorvetes são a melhor metafísicae tornam os dentes incrivelmente brancosPoesia reunidao pouco que sobrou de quase nadaManuel Alberto ValenteQuetzal (2015)
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Lixo
O mar agitado, o norte zangado, a temperatura desagradável, contrariando os avisos amarelos do IPMA. Dois ou três teimosos atrás dos "tapumes", bem enroladinhos na toalha, que não é altura para apanhar constipações.
Constatação: na Foz, seguidinhos, seguidinhos, vão lá dois dias e é um pau! Amanhã ou depois se verá.
Um passeio até à Lagoa, já com muita gente e sem as agruras do lado do mar. Dificilmente se encontra no país um sítio destes: em pouco mais de quinhentos metros, sai-se do frio quase glaciar para a ausência de vento e mar calmo. Faltam as ondas, é verdade, mas olhando bem, sobra o lixo.
Não aprendemos! De garrafas de água a sacos de papel, de "beatas" a roupa velha, há de tudo um pouco.
E ouve-se: ninguém limpa!
E apetece escarrapachar num letreiro com letras bem grandes:
- Não seja porco! Ponha o lixo no lixo, sua besta!
domingo, 27 de julho de 2025
Bicicletas
Terminou há pouco a Volta à França em bicicleta, ou melhor, o Tour de France. E foram, para quem gosta de ciclismo e de bicicletas, três semanas de alta competição, excelente espectáculo e maravilhosas paisagens, como sempre.
Foi pena o "nosso" João Almeida ter caído. Depositavam-se justas esperanças numa grande classificação, mas o infortúnio acabou com elas. Ossos do ofício ... Vem aí a Volta à Espanha e talvez a costela já esteja em condições de o levar mais alto e mais longe.
As minhas costas e o tempo que levo já não me permitem dar pedaladas como gostava de fazer. Dei muito ao pedal, com alguns trambolhões pelo meio. Dizia-se, naquela altura, que para se conseguir saber bem andar era preciso cair, pelo menos, sete vezes ... e meia! Caí mais de sete vezes, de certeza absoluta. Da meia, não me lembro.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Nuvens negras
Julho está quase a chegar ao fim! Muita gente já recebeu o seu ordenado ou a sua pensão, ainda sem as diminuições da retenção do IRS. Muitos nem sabem o que isso é, mas uma boa parte notará bem nas folhas de Agosto e Setembro. A falta de recursos humanos para efectuarem os cálculos é a causa e não, nunca, como apregoam as más-línguas mal intencionadas, a aproximação das autárquicas.
O tempo, que permitiu uns bons mergulhos "fozenses", numa manhã de solinho, com uma brisa agradável, aparece agora com novidades, escurecendo e pingando, pressagiando que, como de costume, o primeiro de Agosto será o primeiro de Inverno.
Ainda dará oportunidade de mais alguns mergulhos, mas o céu está a escurecer e aquilo que pareciam ser "favas contadas" nas presidenciais, surge agora com um resultado imprevisível, mesmo para os grandes literatos do assunto. O cenário apresenta um tempo instável, parecendo que, afinal, o campeonato, que ainda nem começou, vai ter duas rondas e não há ninguém para ganhar "sem espinhas".
Tudo indica que terei de votar sem óculos ...
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) Por recomendação de uma amiga da minha mulher, enfarinhada em gozos acessíveis à bolsa, marcámos férias no hotel da FNAT na Foz do Arelho. Face à minha irresolução Noémia trataria de tudo, não desistindo de me estimular entretanto com projectos e projectos durante a estadia. Era para ela como se nos deslocássemos em veraneio à Côte d'Azur, ou aos Mares do Sul, e uma prodigiosa aventura se abrisse à nossa frente. Preparou quatro malas com o conveniente ao efeito, mudas de roupa, toalhas e óculos escuros, duas almofadas insufláveis, e o inevitável bronzeador. Além disso incluiria para mim uma trousse de latex que, e ainda à antiga, denominava <<o maillot>>, e uma indumentária para ela, estampada com uma minudência de palmeiras e ananases, e expondo-lhe com modéstia algumas zonas do corpo, à qual chamava <<o fatinho de sol>>.
Aquilo transformar-se-ia porém num desterro insuportável, desprovido da papelada que significava a coluna dorsal dos meus dias, e por isso encolhia-me num amuo acidulado. Mantinha-me à sombra do mastodôntico edifício que tresandava aos restos acumulados das insípidas refeições, e votara um ódio sem fim à mera ideia das ardências do areal. Quanto aos hóspedes, e referindo-me primeiro aos do sexo masculino, arrastavam-se em tardes e noites de campeonatos de sueca, ou de king, e os mais velhotes tombavam de borco, ora taralhoucos, ora ensonados, sobre as perdas do dominó. Relutantes a desvendar as misérias das banhas, as idosas mães de família sentavam-se em perpétuo num minúsculo banquinho de madeira, tapando os joelhos com uma écharpe de chiffon, no intuito de que não lhes devassassem as coxas branquíssimas. As novas em conclusão falazavam sem parança, e todas a um tempo só, acerca de coisas e loisas, e entre contos e ditos.
Certa vez, e como se condescendessem em nos oferecer um lauto presente, trouxeram para nos divertir um cantor de olheiras cavadas, carpindo em boleros os seus dissabores de corno inato, mas levantando atrás de si os haustos das fãs sem aconchego. Setembro chegado, dera de assobiar um ventinho barbeiro que enregelava até mesmo os intrépidos, e sempre que eu procurava fugir a tão triste desconchavo, topava nas traseiras do casarão com as cozinheiras, e as respectivas ajudantes, fardadas como pessoal de enfermagem, mas de bata encardida, que lavavam à vassourada os panelões do seu ofício. Regressei espavorido, enjoado por um travo de enxúndias moídas, e temperadas em excesso. De tripa assanhada, ora pelos comeres que empanzinara, ora pela cólera para que não descobria refrigério, jurei e trejurei, e muito contra o silêncio de Noémia, jamais repetir o esquema balnear. (...)"
domingo, 20 de julho de 2025
Atleta aniversariante
O Algarve, mais concretamente a cidade de Loulé conta, há já alguns dias, com a presença de um nadador ilustre, a disputar o Campeonato Nacional de Infantis de Natação Loulé 2025.
Não teria nada de extraordinário - mais um entre tantos - mas este é especial: é o meu neto, segundo na escala da chegada e último na cronologia dos aniversários anuais. E se, só por isso, já se justificaria o destaque, acontece que hoje o Vasco completa 14 anos, lá bem no sul do país, debaixo de uma canícula forte e muito diferente da oestina, e "apenas" com a companhia dos pais, do irmão e dos elementos da sua equipa.
É diferente do costume, mas será um aniversário inesquecível.
Parabéns, meu neto. Estás um homem, já maior do que eu. Amanhã dar-te-ei aquele abraço apertado, bem merecido, pelo aniversário, pela força e pela qualidade. BOM DIA!
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Vejam bem ...
Vejam bemQue não há só gaivotas em terraQuando um homem se põe a pensar(...)José Afonso
O estado da Nação esteve ontem em debate na Assembleia da República e proporcionou um espectáculo bem elucidativo da miséria a que chegámos.
Fanfarrões e frouxos, cobardias e ofensas, citações eloquentes mas erradas, àpartes de taberna já fora de horas, houve de tudo, ilustrando, sem margem para dúvidas que, cada vez mais, os debates são mais acesos quanto menor é o nível dos discursos.
E como se isto não fosse suficiente, parece ser "voz" corrente nas redes ditas sociais que há muita, mas mesmo muita, gente nova a torcer para que "a moda" se propague sem roque mas com rei à espreita.
Embora o caminho se faça caminhando, há muita gente com a ideia de que o importante é calar a opinião do outro.
Haverá preço e não serão os velhos a pagá-lo ...
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Barracas
Apetecia-me escrever sobre Gaza, Ucrânia, Síria, ou sobre o Bairro do Talude, em Loures. Falta-me em competência o que me sobra em rancor e correria o risco de ser mandado às urtigas por me meter onde não sou chamado, arrimado na minha condição de burguês bem instalado numa casa a sério.
Não resisto a uma pergunta elementar, que ainda não vi respondida, talvez por me faltar a pachorra necessária para escutar as explicações tipo "e, para cúmulo da chatice, tanto falou e nada disse". A pergunta é esta: há quanto tempo começaram a ser construídas as "casas" do Tapume? Talvez a resposta seja: no início da semana passada. Se assim foi, aquela gente merece ser contratada desde já para um lugar de responsabilidade nas grandes obras nacionais, dada a capacidade evidenciada para construir num instante.
Se assim não foi, surgem outras perguntas pertinentes: ninguém deu por aquilo antes? Foi decidido demolir agora, por se presumir que os habitantes estariam de férias no Algarve?
Não se brinque com coisas sérias! As (re)eleições não podem justificar tudo!
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Actualidade
Ontem foi noite de teatro e, um pouco fora do habitual, até nem estava frio. O casaquinho do costume fez jeito e deu o conforto suficiente para a atenção que foi necessária.
A plateia estava completa, para assistir a mais uma excelente produção do Teatro da Rainha - a comemorar 40 anos e com uma exposição, linda, no céu de vidro -, desta vez em parceria com o Teatro das Beiras.
"A noite dos visitantes", de Peter Weiss, com encenação de Fernando Mora Ramos, trouxe a parábola, velha, às tristes ruínas a que chegou a antiga Casa da Cultura. A peça mostra que a história vai repetindo episódios e o teatro continua a carregar o dever de nos lembrar isso mesmo. Aquilo que parece novidade é, afinal, mais um episódio copiado e a maior parte das vezes pior que o original.
Continuamos a ser egoístas, a assobiar para o lado e a aceitar normalizar comportamentos que nos deveriam envergonhar.
Viva o Teatro!
Nota: A peça está em cena até ao próximo dia 21 de Julho e tem entrada livre.
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Normalidade
Não era difícil acertar. É o saber da experiência feito de que falava Camões.
A Foz e o oeste, há muito que nos habituaram a isto: nortada, bem forte, mar bruto, bandeira vermelha, água fria, que até "corta" os tornozelos. Há-de fazer bem a qualquer coisa ...
E ninguém estranha, a não ser os que por aqui estão de passagem e julgaram ter mais uns dias como ontem.
Esperem, calminhos, sentados e abrigados. Pelo sim, pelo não, tenham um casaquinho sempre à mão!
domingo, 13 de julho de 2025
Manhã de excepção
Hoje a Foz permitiu furar as ondas, sentir o mar a roçagar as costas, dar umas braçadas sem cuidados de maior, ir e voltar várias vezes, tirar a fotografia de grupo, falar disto e daquilo, resolver todos os problemas excepto aqueles que não têm qualquer solução. Convém ter sempre presente que só há dois tipos de problemas: aqueles que o tempo resolve e os outros que nem o tempo consegue resolver.
Aproveitamento máximo. Nunca se sabe o dia de amanhã ...
E a água nem estava (muito) fria!
sábado, 12 de julho de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) Em setembro, como era moda médica nesse tempo, o doutor Bravo da Mata declarou a minha absoluta necessidade de ser operado às amígdalas. Vários dos meus amigos tinham voltado do hospital, meses antes, e, apontando para o fundo da garganta, diziam: << Não estás a ver nada porque me tiraram as amigas. >> Sobre a dificuldade do processo não se abriam, mas estava mais ou menos determinado que acabaríamos todos com estes orgãos extraídos preventivamente. Modas não se discutem e lá acabei, tal como muitos outros, totalmente separado da minha família, pela primeira vez na vida, durante uma semana.
Na entrada do hospital, fui entregue aos cuidados de uma freira sem idade que me levou para uma enfermaria conventual, com diversas camas. Outros rapazes dormitavam nelas. Entre eles, numa alegria breve, avistei o Ica, um dos gémeos que moravam perto.
<< Vens tirar as amigas, também? >>
<< Não, parti um braço em três sítios >>, respondeu-me, tristemente.
A queda da bicicleta sobre um terreno rochoso tinha provocado a necessidade de intervenção cirúrgica. Estava pálido, dentro do pijama de riscas do hospital. Acenou-me, uma vez mais, com a mão em bom estado, e mergulhou nos lençóis antes que a freira se chateasse. Eu ainda não o sabia, mas estas vigilantes de hábito impunham, naquele lugar escuro, de janelas altas, o silêncio a todas as crianças. Ajudava a curar, diziam elas. Mesmo às crianças, habituadas ao riso.
A que me acompanhava disse-me que me despisse completamente, deixando-me apenas uma pequena toalha para tapar a tímida genitália. Demorou a voltar com um pijama e, eu, nu e sozinho, senti ainda mais a falta de casa. (...)"
sexta-feira, 11 de julho de 2025
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Tubarão
"Cada vez que fala verdade, cai-lhe um braço ..." Ainda tem os dois.
- Foi colocada a bandeira vermelha porque foi avistado um tubarão.
Ninguém acreditou. Está sempre no gozo e foge das conversas sérias como "o gato das brasas".
A maré estava a encher e, quando se deu o banho, havia algumas correntes "contraditórias". Nada que fugisse ao normal da Foz. Sentados na conversa, não demos conta da saída de toda a gente da água, incluindo os surfistas.
Estava na hora do regresso e só nessa altura foi apercebida a mudança de cor das bandeiras.
- Os agueiros aumentaram e os banheiros querem estar sossegados ..., comentou a má língua, sempre viperina.
No caminho, a estória do tubarão que, vinda de quem vinha, não trazia qualquer hipótese de credibilidade. "Cesteiro que faz um cesto, faz um cento!"
Afinal era verdade! Tão injustos que nós somos ... O tubarão passou ao largo e a Capitania, zelosa, ordenou a saída de toda a gente da água, para que ele pudesse nadar sem obstáculos. "Não vá o diabo tecê-las ..."
Já tudo voltou à normalidade e amanhã, se o tempo deixar, voltaremos ao banho da manhã, tão frio que há-de fazer bem a qualquer coisa. O tubarão rumou para outras paragens e não regressará, acreditemos.
terça-feira, 8 de julho de 2025
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Gostos não se discutem
Como facilmente percebe quem por aqui vai espreitando, sou um eclético ouvidor de música, sem quaisquer receios de manifestar preferências, mesmo que estas não sejam consensuais ou estejam na berra.
Ouço música de Cabo Verde há muitos anos! Como parece cada vez mais normal, a gaveta foi resgatar memórias antigas quando ouviu notícias sobre as comemorações dos 50 anos da independência daquela antiga colónia portuguesa.
Há mais ou menos sessenta anos convivi, durante alguns meses, com dois cabo-verdianos, um deles com idade para ser meu pai - cerca de 40 anos -, o outro um pouco mais velho do que eu: cantei-lhe os parabéns, com a voz bem desafinada, no dia em que fez 18 anos.
Ainda não se falava de Cesária Évora ou Tito Paris, muito menos de Tété Alhinho ou Sara Tavares. Adelino, o mais velho, e Cula, o jovem, ensinaram-me as diferenças entre a morna e a coladera e abriram-me a boca de espanto nas muitas vezes em que os ouvi tocar e cantar. Tocavam cavaquinho e daqueles dedos negros saíam ritmos frenéticos ou dolências mimosas, desconhecidos para mim e que me habituei a ouvir, calado e deliciado. O Cula fazia percussão com qualquer coisa, da caixa de sapatos ao tampo da mesa, do colchão ao prato da sopa virado ao contrário.
Regressaram à sua terra e nunca mais deles ouvi falar ou tive qualquer notícia. Talvez já não pertençam ao mundo dos vivos. Vieram-me à memória e devo-lhes o ter aprendido a gostar da belíssima música cabo-verdiana, que continuo a ouvir regular e regaladamente.
sábado, 5 de julho de 2025
Bom e expressivo
A roda dentada do tempo não avaria, nunca! E prossegue, inexorável, o seu afã de fazer crescer cada um, a velocidades bem diferentes aos olhos de cada qual.
O meu neto GRANDE faz hoje 19 anos, tantos quantos o avô tinha há 54, quando a tal roda quase lhe parecia que não andava e o tempo teimava em se deslocar a velocidade de caracol. Afinal, a rodinha revelou-se, aplicou-se, esmerou-se, foi trazendo cada dia atrás do outro e cada vez com mais velocidade. Pelo menos, assim parece!
BOM E EXPRESSIVO
Acaba mal o teu verso,mas fá-lo com um desígnio:é um mal que não é mal,é lutar contra o bonito.Vai-me a essas rimas quetão bem desfecham e quesão o pão de ló dos tolose torce-lhes o pescoço,tal como o outro pediase fizesse à eloquência,e se houver vossa excelênciaque grite: - Não é poesia!,diz-lhe que não, que não é,que é topada, lixa três,serração, vidro moído,papel que se rasga ou pe-dra que rola na pedra ...Mas também da rima <<em cheio>>poderás tirar partido,que a regra é não haver regra,a não ser a de cada um,com sua rima, seu ritmo,não fazer bom e bonito,mas fazer bom e expressivo ...Tomai lá do O'Neill!Alexandre O'NeillCírculo de Leitores (1986)
quinta-feira, 3 de julho de 2025
Passagem aérea
Quarta passada, semana acabada! E hoje já é quinta, com mais de dois terços do dia cumpridos e a caminho da noite. Adivinha-se meiga, bem diferente do quotidiano oestino.
Talvez justifique uma voltinha pela cidade, sem pressa e utilizando a nova passagem aérea, com elevador e tudo, que poupa uns valentes degraus, bem difíceis, que o antigo "galinheiro" obrigava a subir.
Com o desaparecimento do "lixo" da velha, a Rua 15 de Agosto ficou mais desanuviada, mais bonita e com grande vontade de receber, espera ela, a praça prometida.
Quase me esquecia, mas ainda vai a tempo: se houver passeio, convém levar um casaquinho, não vá o oeste pregar a partida costumeira.
terça-feira, 1 de julho de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) Agora, incluída no seu projecto, já posso perguntar. Afinal que livro quer o meu pai escrever. Responde que lhe chamou Teoria Geral da Insubmissão. Nada mais, nada menos. E eu a pensar num Lusitânia Revisited, ó mágoa, ó Tejo mudo a correr entre o Algarve e o Minho. Não admira que nunca tivesse chegado ao fim.
O sonho e o destino do país tenham paciência, que o deixem em paz. O meu pai considera a insubmissão o único sentido da História, o único sentido da vida.
Excepto quando me exige obediência. Discorda quase sempre das minhas escolhas. Irrita-se. Desorienta-me. Escolho não discutir, não suporto as suas iras.
Começa a traçar o plano de escrita, não tarda a dispersar-se. Divaga.
Então vai ser assim, tu sacas do tablet, eu digo umas larachas, acrescentamos claras em castelo, umas pedrinhas de sal, uma calamidade, um susto, umas palavras-formigas, umas frases-cigarras, pimenta na língua bárbara, murros nas trombas do poder. Achas que chega? Talvez encontres mais ingredientes no tablet, livros instantâneos, como os pudins. No meu tempo só havia uma ardósia e giz, tudo cinzento, mais tarde umas folhas pautadas e uma caneta de tinta permanente. Quando me puseram uma máquina de escrever na secretária nunca mais quis outra vida. Verdade que o teclado HCESAR não ajudava. Ainda se fosse o AZERT, o internacional. Mas não, o Saladas queria a pátria espremida em teclas orgulhosamente sós. Através do teclado, dois destinos divergentes, a repartição e a poesia. Via-os inimigos, mas só porque era míope, ingénuo e acagaçado. Afinal, quando bati com a porta da repartição, a miragem ficou lá dentro, encerrada no teclado. Orgulhosamente europeu dessa vez, pelo menos já era AZERT. Tomaste nota? (...)"
segunda-feira, 30 de junho de 2025
Calorzinho
A necessidade de resolver um problema "habitacional" obrigou a uma deslocação à Serra d'El Rei. Como ainda era cedo, foram desprezados os acessos modernos da A8 e do IP 6 e utilizada a velhinha e bem conhecida EN 114 - muitos quilómetros foram feitos por ela na década de 80 do século passado.
Tratado o assunto, uma vez que, "quem bem o sabe, depressa o reza", "já agora", um saltinho ao Baleal, para ver se o tempo está igual ao da Foz ...
Tal e qual ou sem tirar nem pôr. Nevoeiro denso, frio, vento e o mar, ausente. Ala, que se faz tarde!
Circundada a rotunda, percorridas umas centenas de metros e, de novo, Ferrel, agora uma vila desenvolvida e bem tratada, muito diferente da que existia aquando da luta contra a central nuclear. O sol brilha e o calor aperta.
Isto está tudo mudado!
sábado, 28 de junho de 2025
Palavras bonitas
S. Martinho de Anta, 28 de Junho de 1986
REBATE
Tantas palavras que conheço agoraE malbaratoNo papel,Aqui onde só duas aprendiCom eterno sentido:Pai e Mãe!Mas ninguémFica fiel à infância.CrescemosE perdemosA inocênciaE a sua mágicaSabedoria.Adulto que porfiaNestas solfas de letras alinhadasE paralelas,Chego a ter pejo de as escrever.Que podem dizer elasQue valha a pena ler?Diário XIVMiguel TorgaCoimbra
sexta-feira, 27 de junho de 2025
Liberdade
O cartoon de António e a crónica de Miguel Sousa Tavares justificam, como sempre, o valor dispendido na compra da edição semanal do Expresso.
Na sua crónica, após referenciar a frase já aqui reproduzida, Miguel Sousa Tavares escreve:
"(...) Esta frase ficará para a história, lembrem-se dela por muitos anos, pois ela resume na perfeição o papel de cãozinho do dono que tem sido o de Mark Rutte, o infeliz secretário-geral da NATO. O neerlandês não é, por si mesmo, membro da NATO, mas apenas o coordenador de vontades e construtor de consensos entre os 32 membros da organização. Porém, desde o primeiro dia, e certamente também temente pelo futuro do seu cargo, ele fala como se mandasse em todos e a todos pudesse impor livremente a vontade do dono, o seu tão admirado Donald J. Trump - esse tão confiável Presidente americano, que poucas horas antes da cimeira de quarta-feira voltou a pôr em causa o cumprimento do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, o próprio fundamento da NATO: um por todos, todos por um. Já sabíamos que Rutte é um serventuário de Trump, ainda mais que o seu antecessor, Stoltenberg. Mas escrevê-lo assim, com estes requintes de subserviência e dando já por decidido o que só no dia seguinte se iria discutir, é suficiente para concluir que o homem não está à altura do cargo. Se houvesse alguma réstia de dignidade e orgulho próprio entre os dirigentes ocidentais de hoje, o ponto nº. 1 da ordem de trabalhos da Cimeira da NATO em Haia teria sido a destituição do seu secretário-geral. (...)"
A crónica acaba assim: "Nunca tantos viveram, indefesos e ignorantes, tamanha hipocrisia".






