sábado, 5 de março de 2022

Ecos

O azul e o amarelo são mostrados pelo mundo inteiro, sobre uma qualquer forma de expressar solidariedade para com um povo que vive uma hora tão difícil quanto inacreditável, nos dias de hoje. Parecia já não ser possível acontecer e afinal ...

A guerra foi, desde que me conheço, o perigo supremo, o navio que surgia e nos fazia embarcar, a mesa onde se era obrigado a almoçar ainda que a comida fosse intragável e não tivéssemos qualquer interesse nela, antes a fome. As notícias não eram como são hoje, em directo e ao vivo. Tudo se passava mais num imaginário, ainda que massacrante, do que numa realidade sentida, a não ser no regresso de alguém conhecido e que contava, pouco.

- No tempo da guerra, a grande, diziam os mais velhos, que lhe tinham sentido a miséria, o racionamento, a fome sem, tal como agora, se perceber que sentido faz. 

E isto, ou aquilo, será apenas por culpa de um ser, abjecto, sim, mas apenas um? Não! Há muitos outros que se escondem mas determinam, negam mas ganham, fingem e enriquecem, lamentam mas sentam-se à mesa. Como sempre, quem menos tem, mais sofre. E foge. Deixa tudo, da casa ao ar que respira. Crianças choram e não entendem. Ficarão marcas. Sonhos desfeitos, vidas perdidas. E feridas, muitas, que nenhum antisséptico limpará.

Quanto tempo irá durar? Ficará por ali ou irá estender-se? Será a terceira ou algum comprimido determinará o seu fim? O longe ficará perto? Tantas interrogações, tantas dúvidas.

Nada é como dantes. A grande maioria dos ucranianos já está a provar deste veneno.

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