quinta-feira, 31 de março de 2022

Vespas

A vespa é um insecto muito semelhante à abelha que produz esse alimento extraordinariamente bom e nutritivo chamado mel. Porém, ao contrário da obreira, a vespa a única coisa que sabe e gosta de fazer é picar, estando sempre disponível para o fazer, não distinguindo nada nem ninguém. 

Imita a abelha, saltitando de flor em flor, voando sempre com mais velocidade para chegar primeiro, não vá o pólen acabar. Não produz mel, talvez faça cera, da outra, e nunca está satisfeita com a produção acontecida.

- É doce, é verdade, mas podia ser muito melhor ... se fosse de rosmaninho, seria muito mais saboroso.

 - Mas não há rosmaninho disponível por aqui!?

- Podia ser urze, ou buganvília, ou hibisco. Ficava melhor de certeza.

Por mais evidentes que sejam as escolhas da abelha, por melhores que sejam os resultados obtidos, a vespa continua a achar que está mal e que seriam muito melhores se fosse ouvida. Ela, sim, sabe bem e nem precisa de estudar. Vem-lhe do berço!

Não conhece o trabalho nem a forma de o mesmo se concretizar. Nunca o fez, não o faz nem pensa algum dia ter essa desdita. Paira acima, como Deus omnipresente e omnisciente, com o respeito devido por Deus que, ao que sei, detesta as vespas. Sabe, porém, fazer uma coisa, uma apenas: morder. Com violência, e sempre com a escapadela na mira, não vá o diabo tecê-las.

- O mel não é suficientemente doce. Até está um pouco escuro ...

- Nesta altura não há flores que o façam mais claro.

- Há, há. Não procuraste bem, mas também não te vou ensinar.

A saga continua e não parará nunca. É a lei da vida: a abelha trabalha, a vespa morde. Daqui não saímos. A abelha executa o que sabe, sempre com a preocupação de produzir o melhor mel para todos. Nem sempre consegue, mas o esforço é contínuo. Ao contrário, a vespa sabe tudo de tudo, apesar de nunca ter feito nada. E morde, morde, sem cessar e sem se cansar. Pudera!

Nota: qualquer semelhança entre as vespas e os sapientes "paineleiros" das televisões e das redes ditas sociais não é mera coincidência.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tens razão. Temos de ter muito cuidado com as picadelas.

Mário Ribeiro disse...

Um grande abraço Mestre!!