segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Bom português

Com regularidade, presto atenção a uma rubrica que é transmitida logo pela manhã, nas emissões diárias da RTP1. Chama-se "Bom Português" e é o resultado de entrevistas de rua sobre a nossa língua, feitas pela jornalista Carla Trafaria.

No programa de hoje questionava-se a grafia de "caem", para indagar se levava, ou não, um "i" antes do "e". Como sempre, as dúvidas sobre a forma de escrever a língua que é nossa foram inúmeras, mesmo numa situação que, aos meus olhos, é tão simples. Fica-se com pena de quem não sabe nem tem a consciência da sua ignorância, tendo sempre presente que o "sabe tudo" ainda não nasceu e que admitir isso é o primeiro passo para aprender. Mas o microfone e a câmara exercem uma atracção irresistível para demasiada gente.

- Ó Inês, onde tás tu que nim tacho?

- Tou aqui imbaxo, sentada numa piltrona, com duas facadas no buxo que me deu o Pacheco.

- Ai o miseravel dos miseraveis, que lheide arrancar o coração

Era desta forma brincalhona que, na minha juventude, se glosava o drama de Pedro e Inês, vincando bem as palavras incorrectas e os erros de pronúncia. E a associação de ideias levou a lembrar-me disto, logo pela manhã, ao ouvir os entrevistados de Carla Trafaria. 

1 comentário:

Anónimo disse...

A isso, chama-se memória regressiva. Efeitos do tempo. cuidado!