sábado, 23 de janeiro de 2021

Reflexão

Na véspera das eleições presidenciais que ficarão na história por serem as menos concorridas de sempre e as únicas (espera-se) que violaram o confinamento com o apoio das autoridades, acontece o dia de reflexão, no qual, de acordo com a lei, é expressamente proibido fazer campanha.

Com a obrigatoriedade de estar em casa, a reflexão torna-se mais fácil e, ao mesmo tempo, mais ponderada. De tal forma isto é verdade que, no meu caso particular, levantei-me cedo, comecei logo a reflectir e, até ao momento, ainda não decidi se vou votar de manhã ou de tarde. Continuo a analisar os prós e os contras e não há meio de surgir a solução para este grande dilema. E apenas coloco duas hipóteses em equação, quando poderia dificultar ainda mais, ponderando o meio da manhã, a hora de abertura, o meio da tarde ou uns momentos antes da hora de fecho.

Os dados estão na mesa, a análise é cuidada e já fui procurar na Net uma aplicação que me ajude no cálculo de probabilidades, dispensando-me o regresso à análise matemática que já está lá bem no fundo do poço das matérias meio esquecidas. Não encontrei nada e, por isso, a reflexão continua, em contínuo. Até durante o almoço não parei de pensar. Reflectir sempre, que a campanha eleitoral decorreu de forma tão esclarecedora e tão geradora de dúvidas que o mais provável é haver muita gente, sem capacidade de análise e de síntese, que acabe por não comparecer por não ter tomado a decisão atempadamente.

O grande dilema é descobrir não o melhor dia para casar mas a melhor hora para votar, apanhando as filas idênticas às que aconteceram no passado domingo àqueles que, felicíssimos, se inscreveram para votar antecipadamente e assim participaram na grande festa. Causaram inveja a todos os outros, conservadores, que irão amanhã às urnas. Todavia, e como não há felicidade completa, não tiveram direito ao dia de reflexão, imprescindível para o acto. Ficaram apenas com os elogios do Cabrita ...

Na segunda-feira vamos ter muita gente a dizer que, se lá tivesse ido, era em quem ganhou que votava. E outros a concluir que nem sequer valia a pena ir porque já se sabia quem ganhava! Com esta clareza de pensamento, para quê o dia de reflexão?

Há uma razão, descobri agora: para que os candidatos possam dormir descansados e amanhã estarem frescos para as entrevistas.

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