quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Sonhos

Por muito que os negacionistas gritem que não, vivemos em tempo de "guerra", com aspas por não existirem exércitos em confronto e as balas serem apenas imaginárias ou seringas exibidas até à exaustão.

Hoje, pela primeira vez, os infectadas pelo vírus que nos acompanha há quase um ano, ultrapassaram os dez mil, número que, mesmo para um leigo na matéria, é assustador. O agravamento da situação traz consigo mais dificuldades na saúde, mais desequilíbrios, mais pobreza, mais injustiça, mais fome.

É bonito de ver a preocupação com os sem-abrigo, os avisos para que as pessoas se protejam do frio, tenham cuidado com as braseiras, saber que, "comemorando" o dia de reis foram servidas setecentas refeições a quem delas muito necessitava, tudo realçado e acentuado por palavras solidárias e tão habituais nesta época. 

Confrontado com tudo isto, surge-me sempre a imagem de uma sociedade justa, sem miséria, sem "caridadezinha", sem "escravos", caminhando para a igualdade na diferença, com todos a viverem dignamente, com respeito, independentemente da "gravata" ou do "fato-de-macaco".

Quase meio século depois, os sonhos de Abril que a juventude dos meus vinte e dois anos alimentou e pensou ser possível, ainda estão muito longe de se concretizarem.

Como sou muito teimoso, vou continuar a sonhar ...

2 comentários:

Anónimo disse...

"O sonho comanda a vida". "Pelo sonho é que vamos".
Quem sonhará ser o 100.000º visitante deste blog?

Unknown disse...

Já somos dois sonhadores!...

"Pelo sonho é que vamos" é o poema que tenho afixado aqui na Quinta Pedagógica da Caria (https://quintapedagogicadacaria.pt/) e que tem estado tão presente nesta aventura!... Gosto mesmo muito desse poema do Sebastião da Gama, que não resisto a partilhar na íntegra:

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.

Abraço
Prima Edite