Era baixo, muito gordinho, sem jeito para nada que o obrigasse a mexer-se e com pouca queda para as actividades escolares. O massacre dos colegas era constante, por vezes com uma crueldade que hoje não se entende como era possível. Nos jogos, o berlinde, a bilharda ou a bola eram brincadeiras a que nunca se associava, restando-lhe o jogo do botão e, mesmo esse, muito poucas vezes. Já quase adulto dedicou-se ao atletismo e conseguiu alguns resultados regionalmente interessantes no lançamento do peso. Força tinha ele com fartura, desde pequeno mas nunca a utilizava contra os que lhe moíam a cabeça.
Tinha dificuldade com os "érres" e não conseguia dizer os "guês", que trocava por "dês".
Um dia, com toda a aula concentrada no estudo, levantou-se e, de dedo apontado à janela, gritou, à sua maneira:
- Senhora, senhora, há fogo, fogo, n'A-dos-Negros.
Houve gargalhada geral, a professora zangou-se e ele, coitado, ficou vermelho de vergonha. Hoje, consegue dizer os "guês" na perfeição, não dando lugar a confusões.
1 comentário:
Desta vez, a confusão é minha!!!
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