quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Confinamento

A partir da meia-noite de hoje, as saídas vão ser reduzidas ao mínimo indispensável e efectuadas com a máxima brevidade. O jardim, os livros, a música e alguma televisão garantirão o entretenimento, cabendo ao S. Pedro assegurar que o tempo ajudará e não trará mais cinzentismo do que aquele que já temos de suportar. Para evitar problemas legais, estou a ponderar comprar uma trela e passear, de manhã e à noite, um cão imaginário, garantindo, assim, que umas voltinhas em redor da casa não me tornam um relapso.

Já cansa! Mesmo aqueles que, como eu, acham que a vida - a nossa e a dos outros - é o bem mais precioso a preservar, têm de garantir todos os dias uma dose de paciência, de forma a que as horas passem sem deixar saudades mas também sem causar moléstia.

Entretanto o frio já diminuiu alguma coisa e o casaco de hoje saiu do armário de onde não se escapava há algum tempo. Longe estava eu de imaginar que, afinal, o coitado já não saía à rua há mais de dez meses e sofreu todo este tempo de clausura sem um queixume. Pus a mão no bolso e encontrei a prova irrefutável do tempo que fiz sofrer o desgraçado. Valha-nos que nesse dia de anos da minha irmã, ele acompanhou-a a um excelente espectáculo dado pelo Rodrigo Leão, no CCC. Desde essa noite, espectáculos nunca mais.

Até quando?

1 comentário:

Anónimo disse...

... E foi tão bom, sem imaginarmos a chegada do "bicho"!