segunda-feira, 19 de julho de 2021

Confinamento

Observada de fora e à primeira vista, nada indicia que haja habitantes naquela casa. Fechada a "sete chaves", sem nada nas imediações da porta, estores totalmente corridos, não há qualquer sinal de vida por aquelas bandas.

Quem conhece, sabe que lá moram quatro adultos, três dos sexo feminino e um "macho alfa", a quem cabe mandar, determinar, fiscalizar e controlar todo o movimento ou a ausência dele. Raramente alguém sai daquela porta à luz do dia. O "chefe" esgueira-se logo pela manhã até à padaria, compra o que lhe parece necessário e "arquiva-se" de imediato. Por vezes, a deslocação é mais longa, ao supermercado, a uma loja mais distante e, nesse caso, utiliza o carro e a companhia (nem sempre) de uma das filhas. A preocupação suprema é recolher rapidamente, evitando encontros e muito menos conversas.

Nas deslocações mais longas, que acontecem por vezes aos fins-de-semana, os quatro ocupam a viatura, acompanhados de inúmeros saquinhos com o necessário para passarem dois dias fora. A saída é sempre feita já noite velha e a chegada acontecerá pela mesma hora, quando os riscos de encontrar alguém são diminutos.

Têm ADN de morcego ou alergia à luz natural. Preferem a luz artificial, que o "corona" detestará, dizem. Vivem felizes e são simpáticos ... quando não conseguem evitar encontros "indesejáveis". 

São "cebolas", que se há-de fazer!

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