segunda-feira, 12 de julho de 2021

Escultura

Vento norte, zangado, soprando com força, obrigando os que levaram chapéu a estarem atentos, para que ele não levante voo. O céu com nuvens, a água fria, o mar revolto, tudo contribuindo para que se cumpra a máxima antiga: a Foz é uma praia tão boa, tão boa, mas tão boa, que até o Inverno cá vem passar o Verão.

E o "cão" de rocha adora, como a sua expressão evidencia, que tiritem à sua volta, para terem consciência dos sacrifícios que ele passa, a levar com tudo ele que nem uns calçõezitos tem para lhe afagar as pernas e as partes baixas, nomeadamente na maré alta.

- Mas ele nem pernas tem, como pode usar calções?

- Tens toda a razão. O vento até nos tira o discernimento. Que disparate!

O "cão" rocha ouviu e comentou, baixinho, apenas para os seus botões.

- Coitados. O vento tolhe-lhes os pensamentos e leva-os a comentarem sem pensar. Está muito na moda. Esquecem-se que estou aqui há séculos e foi esta a forma que encontrei para iludir a polícia dos costumes. Se eu estivesse aqui de pernas à mostra, de certeza que me tinham levado para Peniche ...

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