domingo, 4 de julho de 2021

Devaneios

Vivemos tempos difíceis. Quando se esperava que a evolução da pandemia fosse no sentido descendente ou, como diria qualquer economista esclarecido, que tivesse um crescimento negativo, os números ressurgiram para preocupar os mais atentos, que gostavam de (ainda) ver isto ter um fim.

Voltou o recolher obrigatório para a população de um significativo número de concelhos, continuam a ser "proibidos os grupos agrupados e mais que dois a andar parados", como dizia um polícia dos tempos da "outra senhora", já se ouvem advertências sobre a ocupação preocupante das Unidades de Cuidados Intensivos, o "delta" dos infectados tem subido diariamente sem, felizmente, chegar aos números preocupantes verificados no pico do início do ano.

E surgem os opinativos a dizerem de sua justiça, com uma justeza e uma certeza de espantar a mente mais atenta, dando largas à sua sabedoria e tornando os outros, os que padecem do dia a dia da subsistência, uns meros bonecos estúpidos e aparvalhados, que não se adaptam, não cooperam, infringem sistematicamente a lei e os bons costumes, não se governam nem se deixam governar, como disseram os outros, há muitos séculos atrás.

Valha-nos o folhetim Cabrita, a telenovela Berardo, o Rio que corre para o mar e nem Oliveira o acompanha, o Costa que não remodela, o Jerónimo que vai perdendo o vocabulário, a Catarina que, não sendo a Grande, esforça-se por o parecer, o Chicão que está quase Chiquinho, e o Marcelo, que nunca compreende a razão, quando não lhe passam cartão.

"Malhas que o império tece ...". A esperança em dias com mais sol (como hoje) não desvanece e a Foz do Arelho agradece.

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