terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Será?

A actual Secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, exerce (ainda) uma função cuja designação lhe assenta como uma luva. É forçoso que ela seja um tesouro, importantíssimo, de valor incalculável e daqueles que, de tão raros, têm apenas lugar nos grandes museus e sob alta segurança. É para lá o caminho que lhe está destinado ...

A competência da senhora deve estar tão nos píncaros que pairará bem acima da altitude normal dos aviões que bem conhece e sem dar qualquer hipótese de detecção pelos vulgares radares. Nasceu no meu distrito, no ano da liberdade, e licenciou-se em Engenharia Electrónica e Telecomunicações na Universidade de Aveiro, quase de certeza com 20 valores, por ser nesse número que termina a escala.

De acordo com o currículo público, a sua vertiginosa carreira de sucesso começou em 1998 (24 anos) como Technical Account Manager, na empresa Alcatel. Dos muitos cargos que ocupou à medida que foi subindo na idade, ressalta apenas uma "fraquinha" directora de compras do Grupo REN, cargo desempenhado em meia dúzia de anos e que não atingiu a almejada designação inglesa. Foi pena, mas acidentes de percurso, quem os não tem?

Saiu do Conselho de Administração da TAP, por vontade própria, segundo a empresa, por imposição desta, de acordo com a própria. Talvez tenha sido este desencontro que motivou o meio milhão de euros de indemnização que lhe foi outorgado, por acordo estabelecido entre as duas partes: entidade patronal e empregado que se despediu ou foi despedido. Tal qual como acontece com qualquer trabalhador e, por isso, a senhora afirma não aceitaria aquela "ridícula" indemnização se ela não tivesse o respaldo da Lei, como é do conhecimento de toda a gente. Aliás, e apenas como nota de passagem, refira-se que o desconhecimento da Lei não impede a condenação de quem a viola. Que grande guitarra!

Cinco meses depois de sair da TAP e antes de o Fundo de Desemprego ter tempo para despachar o necessário processo, a senhora foi nomeada para Presidente do CA da NAV, de onde saiu seis meses depois, para ocupar o tal cargo para que estava destinada e tinha competência. Um Tesouro ... Esta nomeação deve ter-lhe custado uma elevada perda no rendimento mensal, tendo em conta que o vencimento, legal, de um Secretário de Estado é manifestamente inferior ao de um membro do CA de uma qualquer empresa, pública ou privada. Resta saber se, por alguma excepção legal não conhecida, a senhora não terá direito a uma indemnização por perdas e danos.

Mas, sejamos claros: tudo isto há-de ter uma douta explicação, acessível apenas a quem tem na cabeça um tesouro e não a um qualquer vulgar cidadão que apenas ostenta a mioleira no interior da sua moleirinha.

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