sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Aniversário da guerra

A Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24 de Fevereiro de 2022, faz hoje exactamente um ano.

Nem os grandes especialistas têm noção, escura ou clara, de como este "problemão" vai evoluir. Os que perderam tudo e tiveram de fugir, os que ficaram sem nada e tiveram de ficar, os que ainda mantêm alguma coisa de material mas convivem com o horror diário, os que continuam a guerrear, mesmo sem vontade, os que perderam a vida debaixo de fogo, são peças de um intrincado xadrez que, arrisco, vai terminar num empate, sem que os peões se apercebam e sem que seja possível determinar, sequer vaticinar, quando acontecerá o final do confronto.

As paradas de um lado e do outro, acontecidas nos dois últimos dias, mostram grandes solenidades, fardas de gala, peitos medalhados, meninos quase sem barba em marcha cadenciada, executando a continência submissa, que a pátria está no pedestal e a tudo obriga, herói ou mártir, morto ou vivo, voluntário ou compelido, tudo questão de pormenor pouco importante.

Os engravatados vão reunindo, sancionando, determinando, vendendo, emprestando, dando, abrindo portas e fechando janelas, ameaçando velada ou claramente, mas sempre com um cuidado diplomático extremo porque, mesmo em conflito aberto, há sempre alguma reserva a manter, não vá o diabo tecê-las e o resultado ser o contrário do que se perspectiva.

Para muitos, infelizmente, já não há futuro no mundo dos vivos; para outros, os próximos tempos vão acontecendo em lugares de acolhimento que, por muito boa vontade que haja, nunca serão como os que tinham sonhado; outros continuarão a fazer um esforço gigantesco para sobreviver aos tiros, à fome e ao frio, à imbecilidade de uns quantos que detêm o poder, sabe-se lá por quê e para quê.

Sei das minhas limitações. Talvez por isso, os meus recursos mentais não entendem nada, por mais esforço que façam.

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