quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Memória

A memória vai encontrando caminhos ínvios e desaparecendo por entre as mais estreitas vielas, ainda que conheça muito bem os locais, saiba os temas, domine os assuntos ou as tarefas, e tenha passado mais do que suficiente para encher avenidas das matérias que possam estar em causa.

Por mais notas que se registem, ou mnemónicas que se fixem, quando é necessária, a palavra, traiçoeira, esconde-se debaixo da língua e por lá permanece, por mais esforços que se façam para que a porta se abra.

- Não consigo. Daqui a bocado vou lembrar-me ... quando já não for preciso.

Vai acontecendo no dia a dia e causa mais perplexidade quando o assunto é por demais conhecido, dominado, e foi tratado durante muito tempo. Teimoso, está ali fresco que nem uma alface e não surge. Que se há-de fazer? Nada, ou melhor, um esforço para que o que agora se escondeu, não permaneça na toca e surja daí a pouco. Não se perde tudo e pode dizer-se, para consolo, que, afinal, o que estava escondido e bem resguardado, apareceu clarinho para se poder explicitar, já noutro tempo, é verdade, e, mais provável, a despropósito, agora que já a ninguém aproveita.

Não era nada disto que eu queria hoje deixar por aqui mas ... já se me varreu!

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