quarta-feira, 25 de novembro de 2020

25 Novembro

Há 45 anos era eu um jovem bancário, acabado de ingressar na CGD, num edifício enorme, situado no Largo do Calhariz, em pleno Bairro Alto, e que ainda hoje lá permanece, agora servindo, julgo, de sede à Fidelidade Seguros. A admissão à Caixa tinha sido efectuada, após concurso, em Setembro de 1974 e protelada, nessa altura, por força do serviço militar obrigatório. 

A saída da tropa tinha acontecido no final de Agosto de 1975 e, por isso, estavam bem frescas as memórias dos tempos que por lá tinha passado, nomeadamente após o "dia inicial inteiro e limpo" imortalizado por Sophia de Mello Breyner Andresen. A presença no Gabinete do Ministro da Defesa Nacional desde o primeiro governo provisório (Maio de 1974) foi uma experiência de vida marcante, que recordo sempre com emoção e saudade. Deu-me a oportunidade de conhecer muita gente, alguns insignificantes, mas a grande maioria educada, dedicada e empenhada. São já muitos os que desapareceram, mas com todos aprendi muito e não os esqueço.

Conhecia (alguns pessoalmente) a grande maioria dos intervenientes na disputa, quer de um lado quer do outro. Não vale a pena, a esta distância, fazer quaisquer comentários ou análises sobre o sucedido, as suas causas e muito menos sobre as consequências. A história é o que é. A realidade e os olhos de hoje são completamente outros.

Recordo, apenas, um dia tenso, no trabalho e pela noite fora, à espera que o desfecho não descambasse naquilo que, pela manhã, parecia inevitável. Talvez o hoje quase esquecido Francisco da Costa Gomes, com a serenidade que lhe valeu a alcunha de "Rolhas", tenha sido a "peça" que evitou o troar dos canhões e a guerra civil que parecia estar a chegar.

1 comentário:

Anónimo disse...

A grandeza de um Passado perante este, tão trémulo, tempo presente.