sábado, 21 de novembro de 2020

Pandemia emergente

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez ontem uma comunicação ao país, apelando para a união na diversidade de opiniões, e para a compreensão do que é necessário todos fazermos para que os números da pandemia não aumentem de tal forma que o SNS sufoque. Na sua curta declaração, justificou a manutenção do estado de emergência, alertando de forma clara para o que está a surgir e o que pode chegar. 

Vivemos um momento no qual quem tem responsabilidades tem obrigações. De partidos a jornalistas, de governantes a opinadores, a hora é de ser mais cuidadoso, rigoroso e mobilizador, não cedendo ao facilitismo e à demagogia. Sintético e esclarecedor, crítico mas construtivo, transmitindo serenidade e esperança, se mais não fora pelo respeito que devem merecer os que partiram e aqueles que, nesta altura, quase esgotam os recursos dos hospitais.

Estamos em tempo de congregar atitudes em prol do bem comum, sem deixar de criticar quando a situação justifique, sempre com a perspectiva de ajudar a corrigir, antes que as vozes dos salvadores que por aí chegam se sobreponham às de quem acredita que só há futuro com a diversidade de opiniões e de ideias.

Talvez se justifique voltar a Camões e, nomeadamente, ao último verso da terceira estrofe do Canto I de Os Lusíadas, para não cansar muito. Se não o conseguirmos, corremos o risco de ver o país embarcar sem rumo, numa nau sem fundo e de a musa não cessar de cantar e continuar a apregoar os nossos (de)feitos.
(...)
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram:
Cale-se de Alexandre e de Trajano,
A fama das vitórias que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a antiga Musa canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
(...)

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente!