sábado, 11 de setembro de 2021

11 de Setembro de 2001

Ainda não tinha cinquenta anos; ainda trabalhava, muito; ainda bebia muitos cafés; ainda não havia blogue; os meus pais ainda não tinham partido; os meus netos ainda não tinham chegado. Era tudo tão diferente e houve tantas mudanças.

Vinte anos passados, recordo a ida ao café, aquele lá do fundo que servia uma bica bem melhor do que o outro, mesmo ali ao lado. A dona, simpática, mal me via entrar e já estava a encher o manípulo com o café Buondi, moído na altura. Naquela tarde, isso não aconteceu. Os seus olhos estavam "vidrados" no televisor que existia por cima da porta de entrada e o ar dela, compenetrado e espantado, deu-me logo consciência que tinha acontecido desgraça e grande.

- Um avião bateu numa torre da América, foi o cumprimento que recebi.

Assisti ao embate do segundo em directo. Custava a acreditar, mas era real. Caíram as torres, o silêncio fez-se ouvir, o pânico tomou conta de quem ali estava - três ou quatro pessoas, não me lembro bem.

A bica demorou muito a ser tirada e uma eternidade a ser bebida. O regresso ao banco com a notícia fez com que toda a gente saísse, para ver por si próprio. A notícia transmitida não era crível e a forma como o foi ainda criava mais dúvidas.

Fiquei sozinho ... o mundo nunca mais foi o mesmo, a intolerância mantém-se, a miséria abunda, abrindo portas a um radicalismo pseudo religioso e fanático, impossível de entender. 

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