quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Ironia do destino

Há gente para quem a vida é e será sempre madrasta e este homem é um deles. Mal nasceu, registaram-no como Rendeiro, condicionando e impedindo que se tornasse Proprietário, Empresário, Comerciante, Investidor ou qualquer outro nome condizente com prestígio.

Não! Será Rendeiro para toda a vida, aqui ou algures num país daqueles de onde não há aviões para Portugal. Nem mesmo com um creditozito à habitação deixará de ser Rendeiro e isso deve custar muito. Por mais sacrifícios, poupanças e aquisições que faça, nunca passará a Proprietário, quanto mais a Senhorio.

Na sua vida profissional, dedicou-se inteiramente à gestão de fortunas de outros, por via de um Banco que até era Privado de nome. Estaria ainda nessa nobre função, não fora a crise do Lehman Brothers ter atirado o castelo abaixo e acabado com a alta rentabilidade dos avultados activos financeiros que geria,  proporcionando altos rendimentos aos donos que lhe tinham confiado a "massa". Tudo se desmoronou, por culpa que não lhe pode ser imputada, e muito menos por isso castigado. São coisas que acontecem num mercado aberto ao mundo, sempre na busca do bem estar de todos os que têm para isso capacidade.

E agora, não contente com tanta desdita, a justiça portuguesa ainda quer que o homem cumpra uns anitos de prisão a que foi condenado. É preciso descaramento!

Para fugir a esta ignomínia, Rendeiro deve ter vendido os poucos "trainecos" que possuía e, com dificuldade, deu o salto para um país qualquer de onde pudesse pular para um outro, dos tais que não têm voos para este lindo país à beira mar plantado. A esta hora estará, por certo, a passar grandes dificuldades, talvez lavando escadas ou cavando batatas, em condições terríveis, explorado até ao tutano por algum malvado parecido com aqueles a quem dedicou toda a sua vida de trabalho e que se apressaram a tirar-lhe o tapete quando deles precisou.

Esta gente não se enxerga: então há lá motivos para prender o homem?. Ainda bem que ele se pôs "ao fresco" e, lá longe, não se sabe bem aonde, luta pela sobrevivência e pela liberdade que alguém, completamente desprovido de sentimentos, lhe pretende tirar.

P.S. - João Rendeiro, antigo presidente do Banco Privado Português, foi condenado, com sentença transitada em julgado, a vários anos de prisão, mas foi autorizado a viajar para Londres.

1 comentário:

Anónimo disse...

Rendeiro, aquele que sabe "tecer" rendas. 🤣