quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Dignidade

Havia necessidade de contratar um novo elemento para a limpeza diária da agência e, nesse tempo, não havia empresas de trabalho temporário nem os concursos que, muito depois, vieram a ditar que a empresa deste ano faz melhor preço que a do ano passado e por isso foi a escolhida. A empregada continuava a mesma ... a ganhar menos, claro.

O anúncio foi divulgado para um posto de trabalhos de limpeza, em part-time, contemplando quatro horas diárias, duas de manhã e outras tantas à tarde. Apareceram cinco ou seis candidatas e todas foram submetidas a uma entrevista com três intervenientes, um dos quais o Director dos Recursos Humanos do Banco. 

Para além das perguntas sacramentais sobre a experiência profissional, as razões da candidatura, a ideia sobre o trabalho a desenvolver, o Director, a meio da conversa e sem, ainda, ter participado nela, perguntava, de chofre:

- Imagine que, no final de um dia, a senhora está sozinha no Banco e eu toco à campainha, digo que sou o Director e quero que me abra a porta. O que faz?

As respostas foram variadas, nervosas, gaguejadas, mas uma delas respondeu, convicta:

- Peço-lhe que aguarde, telefono ao Gerente e faço o que ele me disser.

Foi a escolhida. Todos os trabalhos são dignos e cabe a quem lidera fomentar essa dignidade.

Sem comentários: