quinta-feira, 20 de maio de 2021

Organização

Não fiz a guerra colonial, mas cumpri o serviço militar obrigatório, antes e depois do dia, sempre presente, em que completei 22 anos, e não mais esquecerei.

A experiência da "tropa" foi dura, algumas vezes deprimente, muitas outras "chata", incompreensível, idiota, principalmente nos três meses iniciais que me levaram a rebolar no monte, a agarrar o pinheiro com o alferes a gritar que era a Brigitte Bardot, a dar passos em frente na lagoa até a água chegar ao pescoço sem molhar a G-3, a correr no pórtico como se não houvesse amanhã, a passar na manilha com água até meio e teias de aranha no restante, sempre como a preocupação da salvaguarda da arma, a fazer e a ouvir discursos à lua durante uma noite inteira, a não poder sair do quartel por ter a barba mal feita, etc. etc..

Foi dura a recruta, a especialidade um pouco melhor, ambas com o fantasma da guerra sempre presente e a necessidade imperiosa de aplicação diária, para tentar que uma boa classificação impedisse a ida para a Guiné, anunciada pelo comandante na primeira "prédica" aos "maçaricos" formados na parada.

Depois, bem, depois foi diferente. A aprendizagem, o conhecimento próximo de muita gente boa (alguns com o nome na história), a organização na disciplina, o PIOL (planeamento, informação, organização e logística), que nunca mais esqueci e me ajudou muito na vida dita civil à qual, na maior parte das situações, falta tudo isso.

Cada vez que vejo o Almirante "das vacinas", dou por mim a recordar o que atrás ficou dito e muito, muito mais que guardo. É para fazer? Vamos a isso! Cada um sabe as funções, as atribuições, as tarefas, todos conhecem o objectivo e o caminho para lá chegar.

E é tão fácil! Só é preciso planear, informar, organizar e controlar.

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