Como qualquer pessoa normal, julgo, também faço compras apenas por impulso. Tento controlar-me mas, por vezes, até nos livros isso acontece.
Quando era criança, se o fui, havia uma tia-avó que morava, sozinha, em Lisboa. Chamava.se Dionísia e o contacto com ela foi muito pouco, pela distância e pela idade. Veio acabar os seus dias na Misericórdia das Caldas, por força de influências que o meu padrinho exerceu, conseguindo o seu internamento no lar da Instituição. Na época, o estabelecimento de internamento não se chamava lar, mas a palavra que era utilizada caiu em desuso ou foi suprimida pela violência que continha.
Numa das, na altura poucas, deslocações a Lisboa, fomos de propósito a uma rua estreita, por detrás do Cinema S. Jorge e paralela à Avenida da Liberdade, visitar a tia.
- É neste prédio que mora a tia Dionísia, referiu a minha mãe.
E lá fomos, escada acima, até ao último andar.
Rua Júlio César Machado. Fixei, sem cuidar de saber quem era nem a razão de a rua ter aquele nome. Anos mais tarde, soube que se tratava de um escritor mais ou menos esquecido, contemporâneo e amigo de Camilo Castelo Branco, sem mais acrescentos.
A semana passada, num dos habituais mails de divulgação, a Tinta da China dava conta da edição, na sua colecção Literatura de Viagens, do livro "Do Chiado a Veneza", de Júlio César Machado. Mandei vir. Chegou hoje. Julgo que são crónicas de uma viagem a Itália. Ainda não li, mas já está na fila.
Foi a minha tia Dionísia que me ordenou a compra.
1 comentário:
Uma das tias inesquecíveis.
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