segunda-feira, 16 de maio de 2022

Evolução

A música flui do aparelho, sem necessidade de qualquer intervenção, nem para colocar o disco, muito menos a agulha. O cuidado, antigo, para não riscar o vinil esteve ausente durante a ascensão e o apogeu do CD, e voltou, venerado por uma nova geração que adora o som mais grave e mais claro por ele transmitido. Já me desabituei. Ainda existem por aí uns quantos exemplares, apenas como recordação ou para que outros lhes dêem o carinho que merecem.

Os CD's estão guardados na "biblioteca" electrónica e permitem ouvir todas as músicas, de forma aleatória ou escolhendo o álbum pretendido. Os originais permanecem guardados, em gavetas e armários, num sossego divino e com rara utilização. Sem qualquer trabalho, a música passa. Da nova à antiga, da clássica ao rock, da popular ao fado, da bossa à coladera, sem qualquer intervenção humana que não seja carregar no botão. Quando o "palco" é abandonado, o botão do ratinho carrega na setinha e determina o silêncio. A inversa é verdadeira (como na matemática) quando se volta ao local do "crime", para continuar a usufruir do prazer interrompido. As colunas de som que fizeram o percurso do gira-discos até ao computador com toda a naturalidade e adaptação, continuam a proporcionar um som tranquilo e nítido. Espero que continuem assim.

Na música, estou rendido. Nos livros ainda não e ponho dúvidas que venha a ceder. Vou ouvindo grandes elogios aos novos métodos de leitura, sempre com destaque para a facilidade e para a simplicidade de trazer um "calhamaço" de mil páginas numa "janela" de fácil arrumação e de peso pouco mais que ridículo.

Modernices, dirão uns. Actualizações do progresso, responderão, lestos, outros. E, reconheça-se, os livros assim não ganham humidade e não ocupam espaço nas estantes. Nem se tornam velhos ...

Recordei-me agora mesmo do comentário de um professor de História, a propósito dos Beatles, nos anos sessenta do século passado:

"Músicos eléctricos. Desliga-se a ficha, acabam!"

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