sexta-feira, 20 de maio de 2022

Miscelânea

E se, de repente, o tempo parasse? E alguém coligisse todo o nosso passado e o deixasse parado, sem qualquer hipótese de se emendar, burilar, substituir, omitir, clarificar? Devia ser uma frustação enorme, com muita gente a desesperar pela chegada do dia de amanhã, implorando a santos e santinhos para que isso acontecesse de forma rápida e, se possível, de noite. Apesar de não suceder e os dias passarem inexoravelmente uns a seguir aos outros, há pessoas que não se apercebem disso e continuam a viver, a pensar e a falar como se os automóveis ainda tivessem só três velocidades e a caixa das mesmas não fosse sincronizada.

Por força das Festas da Cidade, esta semana teve o seu início no domingo, com uma excelente participação dos habitantes e também de bastantes forasteiros que nos visitam regularmente e aproveitaram a circunstância para se familiarizarem com o que acontece por cá e com o pouco que vai mudando. Há muitos, muitos anos, a "boca pequena" dizia que eram as "festas do pau caiado", numa referência às bandeiras que eram empoleiradas nas varolas de eucaliptos caiadas de branco. Os pontos altos dessa época eram a abertura do Hospital Termal, a romagem à Rainha das gentes importantes, o desfile musicado dos Bombeiros e a largada de pombos. Desta vez, não houve o habitual concerto que sacudia os tímpanos e obrigava a um esforço grande das cordas vocais, mas aconteceram muitas e variadas organizações, numa tentativa, parece-me que conseguida, de agradar a muita gente. Nas cerimónias oficiais, o actual Presidente da Câmara criticou os antecessores de forma clara e objectiva, e caiu o "Carmo e a Trindade", com muita gente a achar que o momento era de salamaleques e de omissões. Talvez o fim de semana lhes proporcione um bom mergulho na Foz e a água fria lhes lave os neurónios.

Mas há mais vida para além das Caldas. Nesta semana, soubemos que o Primeiro-Ministro irá deslocar-se à Ucrânia, expressando a solidariedade de Portugal para com o país devastado pela invasão russa. A notícia não foi dada pela Agência Lusa, talvez ainda não refeita do ataque informático de que foi vítima. Marcelo Rebelo de Sousa, recordando as suas brilhantes competências de jornalista e comentador, substituiu os profissionais e o próprio António Costa, e deu a "cacha" não como segredo mas em plena conferência, para que nenhum jornal ou televisão se considerasse prejudicado. Há coisas que nunca esquecem ... 

A guerra mantém-se, com o rigor das balas e da destruição a terem bastante similitude com as notícias produzidas ou boatadas. Também o jornalismo atravessa uma fase muito difícil. 

Para culminar uma semana em grande, tudo indica que o coronavírus está longe de se eclipsar, contrariando, decerto por teimosia, todos aqueles que achavam ter pecado por tardio o regresso à normalidade, mesmo não tão normal como se desejaria.

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