terça-feira, 10 de maio de 2022

Ninho

O azul celeste poisa no jardim e dá vida nova às flores, aos arbustos, à relva, a tudo quanto por lá habita e mesmo aos visitantes diários que vão, depois, dormir noutros hotéis.

A escova-de-garrafa é visitada, diariamente, por centenas (milhares?) de abelhas. Sem se preocuparem com o que se passa à sua volta, exercem o seu labor e cumprem a sua missão de retirar o pólen que hão-de transportar para a fábrica destinatária. A colmeia receberá a matéria-prima e produzirá o mel, para satisfação dos gulosos e daqueles que, não o sendo, beneficiarão das qualidades salutares do produto.

Os pardais circulam sem receios, embora com o olhito atento a qualquer aproximação que considerem potencialmente perigosa. Os melros, também sempre vigilantes, vão-se encolhendo, andando devagar por entre os arbustos e, mal se sentem com o mínimo de segurança, voam soltando o grito de liberdade que lhes é característico.

Os humanos observam tudo isto sem qualquer intervenção. Contudo, uma aproximação mais atenta e surge a constatação de que a cameleira está demasiado crescida, quase a galgar o muro para o quintal do vizinho.

- Vou cortar um pouco. Está enorme ...

O trabalho não chegou ao fim. Lá no meio, bem escondido, o ninho surgiu com os melrinhos ainda bem pequeninos e de olhos fechados. Nem o melro nem a "melra" andavam por ali, decerto ocupados com o trabalho que garantirá o sustento do lar. Não deram pela invasão, embora, talvez, tivessem estranhado a diminuição da segurança.

Para grandes males, grandes remédios: nem mais um corte! Ficará para quando os pequeninos abandonarem o lar e se dedicarem a percorrer o espaço por conta própria, com o silvo característico e a beleza do seu voo picado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Teria sido brilhante a ideia de colocar neste texto uma foto dos pequenos sortudos.
Talvez amanhã...