quarta-feira, 18 de maio de 2022

Melros

São dois e nasceram aqui, escondidos no conforto da cameleira. O terceiro não resistiu à queda do ninho e ao aventureirismo de explorar o quintal por conta própria. Deve ter-lhe faltado o conforto dos "lençóis" do lar e apareceu, sem vida, na calçada, junto ao portão. Os outros dois abandonaram o ninho e agora fazem do hibisco a sua casa nova. Saltitam de ramo em ramo, com muito cuidado e por pouco tempo. Escolhido o poiso, sossegam, de olhos semicerrados, atentos à chegada dos pais e ao seu silvo indicativo. A refeição é servida, com o transporte rápido de novas iguarias, apanhadas na relva ou nos sítios próximos. 

Parecem não estranhar a presença dos humanos que, curiosos e preocupados, tentam não os perder de vista e evitar que os gatinhos lhes possam causar danos. Os cuidados nunca são de mais, sempre com a preocupação de não assustar os pais, prejudicando as refeições.

Os dois melros que, este ano, fizeram a surpresa de nascer no jardim, já têm todo o corpo coberto pelas penas pretas. Ainda não se aventuram no voo, mas não deverão tardar a fazê-lo, com a segurança que a presença e o ensinamento dos pais lhes darão.

A Casa fica com a esperança que não percam o sentido de orientação, que voltem sempre às origens e, quem sabe, façam por aqui o seu primeiro ninho.

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