A manhã ainda não ia a meio. Apesar da chuva inclemente e da ausência da luz do sol que é lenitivo para a disposição, já havia quatro pessoas no balneário masculino, a despachar-se após umas braçadas madrugadoras e tonificantes.
Gente nova, com conversas fora da caixa, sem problemas nem constrangimentos com a presença de quem tem idade para ser pai (ou avô?) deles. Enquanto se ensaboam, fechando sempre a água, a conversa vai fluindo, rápida, tipo fixe.
- Não vais a Lisboa hoje?
- Vou, claro. Daqui a bocado, por volta do meio-dia.
Nadar um bocado tinha trazido a tranquilidade que a água do chuveiro, quentinha, ainda reforçava.
- Hoje vou experimentar um transporte novo.
- Não me digas que vais de carro?
- Estás tonto ... nem pensar. Mal sentas o cu no carro e já lá vão trinta euros. Vou num autocarro de uma empresa nova que faz a viagem até à estação do Oriente, sem paragens. Uma hora e cinco. Um instante. Já comprei o bilhete na aplicação. Dois euros e picos, imagina!
- Isso é muito bom. E qual é a empresa?
- Chama-se Flix Bus e são uns autocarros verdes, enormes. Vou experimentar hoje. Vamos ver como corre.
- Depois dizes. Hoje fico por cá. 'tou em teletrabalho.
A água do chuveiro já tinha tirado o sabão, o meu e o dos jovens conversadores. A conversa continuou enquanto a toalha fez a sua parte e o corpo ia sendo coberto com a roupa necessária para enfrentar o "inimigo" que lá fora continuava a fazer das suas. Rapidamente mudou e o assunto passou a ser o futebol e a falta de tempo para ver os jogos.
- Estou a tentar ver na quinta-feira, mas ainda não tenho a certeza se posso.
O velho meteu o bedelho e foi integrado, sem quaisquer problemas, na conversa.
Apenas teve alguma dificuldade em explicar que tempo para ver a bola é coisa que lhe não falta. É a vida!
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