segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Trapalhadas

... E o burro sou eu?

Tomando como verdade o que tem sido veiculado pelos orgãos de comunicação social, a Câmara Municipal de Caminha, na altura sob a presidência de Miguel Alves que, actualmente desempenha as funções de Secretário Adjunto do Primeiro-Ministro, contratou com uma empresa a edificação de um centro de exposições, o qual, depois de concluído, seria alugado à autarquia por uma renda que deve ter sido determinada na altura devida mas cujo valor, que eu desse por isso, não foi divulgado.

Foi tornado público que a Câmara (de Caminha) adiantou trezentos mil euros por conta das rendas que, no futuro, iria pagar. Nada de anormal e tudo clarinho ...

A reduzida capacidade de discernimento impede-me de conseguir compreender as dúvidas que este processo, tão límpido, possa despertar e a necessidade de (mais) um rigoroso inquérito do Ministério Público ou da Procuradoria-Geral da República, que, por certo, irá consumir mais umas quantas resmas de papel que tanto escasseia nos tribunais.

Ora, para quem vê Caminha cá de baixo, tudo indica que a decisão foi tomada em sessão de Câmara, da qual se lavrou a competente acta, que é pública e onde constarão os pressupostos e os fundamentos da decisão; o contrato subscrito pelas partes foi elaborado pelos serviços jurídicos camarários, submetido ao Tribunal de Contas e por este aprovado; o Orçamento municipal contemplou as verbas necessárias e, provavelmente, a Comissão Europeia também deu o sim; o cabimento da verba paga foi sancionado pelos responsáveis financeiros da Câmara e pelo menos duas pessoas assinaram o cheque ou a ordem de transferência do carcanhol.

Apesar de tudo isto e da "clareza" da entrevista do responsável máximo pelo acontecido, ainda se afigura imprescindível o tal rigoroso inquérito, que terá em vista o apuramento das responsabilidades e o grau de culpabilidade de quem decidiu e assinou de cruz, sem detectar qualquer irregularidade ou conivência.

(lembrei-me agora que o Regulamento de Disciplina Militar do Conde de Lippe impunha que o Sargento da Companhia tinha de saber ler, escrever e contar por o Comandante poder ser nobre e assinar de cruz. Seguindo este preceito, todas as pessoas que exercem funções de governação no país deviam ter, pelo menos, as habilitações do Sargento da Companhia)

Cá por mim, sempre condicionado pela falta de discernimento já referida, parece-me que o inquérito não vai trazer conclusão nenhuma a não ser que, apesar de tudo ter sido pensado, decidido e concretizado de forma legal, o edifício nem sequer foi iniciado e muito menos concluído, mas que isso acontecerá em breve!

Por estas e por outras é que a desconfiança "chega" e o justo paga pelo pecador. 

Sem comentários: