sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Exagero

Está a fazer um pequeno alojamento rural, com duas ou três casas em madeira, para alugar a quem está longe da natureza e quer dela disfrutar, viajando pelo campo e beneficiando da proximidade citadina.

- Agora vou lá pôr um burro. Mas não é fácil.

A conversa, de café, mostrou, como se fosse preciso, as mudanças que se operaram na sociedade e no comportamento de todos, nos últimos 50 anos. 

- Comprei-o. Tem seis anos e é castrado, para se portar bem. Ainda lá não está. Não é nada fácil!

Fiquei a saber que, primeiro, o local tem de ser legalizado como morada do burro e este tem de ser registado. A habitação do asinino é obrigada a apresentar condições mínimas, definidas na lei (dos burros, presumo) e essas condições estão sujeitas a verificação por quem de direito. Não percebi bem se o registo do animal é feito na Conservatória do Registo Civil ou num outro local a esse fim dedicado. Também não indaguei se recolhem a impressão digital e certificam a altura do animal e também me passou indagar se o cartão do quadrúpede tem validade ou é vitalício.

Na próxima conversa, não me hão-de fugir estes detalhes, importantes, para mim que sou coscuvilheiro, e para o burro, que deve possuir identidade própria e única, de forma a evitar que seja mais um dos muitos indocumentados que por aí vivem (muitos vegetam). 

A todos os animais deve ser assegurada uma vida digna e quem o não faça deve ser responsabilizado e penalizado por isso, e impedido de os ter. Porém, com tanta gente a viver, ainda, em condições miseráveis, não estaremos a exagerar? Ou, contrariando o ditado, a pôr os bois à frente do carro?

1 comentário:

Anónimo disse...

Até que horas poderá zurrar?