terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Livre como um passarinho

O rabirruivo chilreia, saltitando de arbusto em arbusto sem se preocupar com o que se passa à sua volta. Está em domínio alheio mas não liga a isso. Sabe que, por aqui, não há caçadores e, mesmo que os houvesse, nenhum desperdiçaria um chumbo que fosse com um passarito tão minúsculo. Algum perigo que possa aparecer em cima de quatro patas, detecta-o com facilidade e um pequeno bater de asas coloca-o a salvo.

Faz-se notado se lhe apetece, esconde-se quando lhe apraz, bem lá metido por entre as folhas, onde nem olhos habituados o detectam. Parece procurar quarto, que a época do acasalamento está a chegar e a noiva deve ser exigente. Sabe que não terá de fazer contrato ou pagar renda, e que o senhorio lhe facultará a instalação de forma condigna e com o maior gosto, protegendo-o, até, se necessário for.

Faz parte da casa, apesar de não ter sido contado no Censos. Não reivindica outra coisa que não seja a liberdade de por aqui andar, sem dar satisfação a ninguém e da forma como lhe dá na real gana. Canta, saltita, esvoaça, sobe ao telhado, desce à relva, mostra-se ou esconde-se, vive bem e de acordo com as suas regras. Tem prazer nisso, nota-se à légua.

Partirá se e quando lhe apetecer, gozando a liberdade que é sua e há-de manter até ao fim. Não há preço que a pague!

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