sábado, 19 de dezembro de 2020

Espírito de Natal

O Natal é uma época onde enaltecemos o espírito de solidariedade, a necessidade de todos e cada um poderem ter uma mesa farta ou, pelo menos, composta. Fazemos votos que a sociedade seja capaz de acabar com as diferenças abissais que (ainda) existem, que a felicidade contemple todos, que o ano novo traga tudo de bom. E, neste ano, acrescentamos o voto que este malvado vírus desapareça.

E contribuímos, manifestamos a nossa angústia por não fazermos mais, condoemo-nos pela miséria que perpassa debaixo dos nossos olhos, disponibilizamos todo o nosso esforço para uma sociedade melhor e mais justa.

Depois ... bem, depois, seguir-se-á mais um ano em que o trabalho nos ocupa e preocupa, a família exige uma atenção permanente e o pouco tempo que sobra é aproveitado para descansar um pouco, por não ser possível aguentar as agruras do dia a dia sem um pouco de relaxamento. 

Não tarda nada e o Verão aí está. Surgem as férias, a praia fica ainda mais bonita, o sol brilha e, afinal, tudo passou num instante. Nem demos por isso e já estamos a chegar outra vez ao Natal. E é tão difícil esta época. Não houve tempo para nada e continua a haver gente que não sabe nem nunca soube o que são prendas, ou presentes, que o Pai Natal lhes tenha trazido.

Hoje, o meu neto mais novo, do alto da sapiência que lhe advém dos seus quatro anos, questionou-me:

- Ó vô, o Pai Natal consegue ir a todas as casas no dia 24?

Claro que lhe respondi que sim e omiti que continua a haver muitas onde ele nem à porta chega. Para quê complicar. Tem muito tempo para entender.

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